A partir de 1993 foram registrados vários eventos de branqueamento de coral na Bahia, com recuperação total dos corais afetados. O primeiro registro ocorreu em Abrolhos no verão de 1993/1994, quando o percentual de colônias branqueadas variou entre 50 e 90%. No verão de 1997/1998, ocorreu no Litoral Norte da Bahia uma anomalia térmica de 1 ºC, com temperaturas medidas no campo de 29 a 30,5 ºC, o que causou branqueamento em 60% dos corais. De 1998 a 2005, foi observado que nos recifes costeiros, localizados muito próximos (<5km) ou adjacentes à costa, a permanência de anomalias térmicas de 0,25 ºC por mais de duas semanas causou branqueamento em mais de 10% dos corais. Porém para os recifes de Abrolhos, localizados a mais de 10 km da costa, apenas anomalias acima de 0,50 ºC com duração de mais de duas semanas causaram branqueamento em mais de 10% dos corais. Mussismilia hispida, Siderastrea spp., Montastraea cavernosa, Agaricia agaricites e Porites astreoides foram as espécies de coral mais afetadas pelo branqueamento e são as espécies mais freqüentes nos recifes costeiros. Todas as espécies apresentaram graus diferentes de branqueamento, "fraco" ou "forte". Nos recifes da Bahia há uma forte relação entre o branqueamento de corais e os eventos de anomalias da temperatura da superfície do mar (TSM), e os recifes mais afetados pelo branqueamento foram os recifes costeiros. Estes recifes localizados muito próximos da costa estão mais expostos aos efeitos dos impactos provenientes de processos que ocorrem na região costeira, sugerindo que, muito provavelmente, os corais mais expostos a níveis elevados de nutriente e sedimento, e variações sazonais mais altas da TSM, podem já estarem mais resistentes aos efeitos pós branqueamento como, por exemplo, doenças infecciosas e mortalidade em massa.
Since 1993 several coral bleaching events were registered in Bahia. There were no mass coral death associated to these events and the affected corals fully recovered after the impact. The first occurrence was registered during the southern hemisphere summer of 1993/1994, in Abrolhos, when 50 to 90% of the coral colonies were bleached. In the North Coast of Bahia, during the summer of 1997/1998, a sea surface temperature (SST) anomaly of 1 ºC matched with SST registered in the field (29 to 30.5 ºC). As a result, up to 60% corals bleached. From 1998 to 2005 anomalies of 0.25 ºC, for two weeks, caused bleaching in more than 10% corals from the coastal reefs, which are located adjacent or less than 5 km from the coastline. However in the Abrolhos region, where reefs are located more than 10 km from the continent, only SST anomalies higher than 0.50 ºC,persisting for more than two weeks, caused bleaching up to 10% of the investigated corals. Mussismilia hispida, Siderastreaspp., Montastraea cavernosa, Agaricia agaricites and Porites astreoides were the coral species most severely impacted by bleaching, and they are also the most common species in the coastal reefs. All species presented different levels of bleaching, 'light' or 'heavy'. In Bahia, there is a strong linkage between coral bleaching and periods of elevated sea surface temperature, and the most affected corals were the ones from the coastal reefs. These coastal reefs are exposed to the impacts from processes occurring in the continent, suggesting that corals exposed to high levels of nutrient and sediment loads, and large SST fluctuations, may be more resistant to the post bleaching effects, such as infectious diseases and mass mortality.