RESUMO Objetivo: Correlacionar os parâmetros de variação da pressão intraocular (flutuação e pico) com o dano funcional em pacientes tratados com glaucoma primário de ângulo aberto, e comparar esses parâmetros de pressão intraocular entre olhos com dano funcional assimétrico. Métodos: Estudo observacio nal prospectivo foi realizado incluindo consecutivamente pa cientes tratados com glaucoma primário de ângulo aberto. Foram excluídos indivíduos com outras doenças oculares que não o glaucoma ou cirurgia prévia incisional de glaucoma. Os principais critérios de inclusão foram: 33 testes de campo visual e 32 anos de acompanhamento, sem quaisquer alterações no regime medicamentoso atual. Parâmetros de pressão intraocular de longo prazo foram obtidos através de medidas de pressão intraocular isoladas de cada consulta (as últimas 5 consultas de cada paciente foram consideradas para análise). Para avaliação dos parâmetros de pressão intraocular de curto prazo, todos os pacientes foram submetidos ao teste de sobrecarga hídrica. Ini cialmente, calculamos os coeficientes de correlação parcial de cada parâmetro de variação da pressão intraocular com o nível de dano funcional, baseado no índice Mean Deviation (MD), ajustando para a pressão intraocular basal e o número de medicações antiglaucomatosas. Além disso, comparamos cada parâmetro de pressão intraocular entre os olhos com melhor e pior nível de dano funcional em pacientes com perda de campo visual assimétrica (definida como diferença no índice mean deviation entre os olhos de pelo menos 3 dB). Resultados: Foram incluídos 87 olhos (87 pacientes) com glaucoma primário de ângulo aberto. A idade média foi de 61,9 ± 12,5 anos e 59,8% eram mulheres. Em geral, os pacientes foram submetidos a 5 testes (mediana) de campo visual, com um seguimento médio de 4,3 ± 1,4 anos. Nem os parâmetros de variação da pressão intraocular de longo prazo nem aqueles obtidos pelo teste de sobrecarga hídrica se correlacionaram significativamente com o nível de dano no campo visual (p30,117). No subgrupo com perda de campo visual assimétrica (64 olhos de 32 pacientes; idade média, 65,0 ± 11,4 anos), nem os parâmetros de variação da pressão intraocular de longo prazo nem os obtidos pelo teste de sobrecarga hídrica diferiram significativamente entre olhos com melhor e pior nível de dano funcional (p3 0,400). Conclusão: Nossos resultados indicam que não apenas parâmetros de variação da pressão intraocular de longo prazo, mas também medidas de pressão intraocular derivadas do teste de sobrecarga hídrica, não parecem se correlacionar com o nível de dano do campo visual, nem diferem significativamente entre olhos com nível de dano funcional assimétrico. Esses achados sugerem que outros fatores poderiam explicar essa assimetria funcional e que o teste de sobrecarga hídrica não acrescenta informações significativas a esses casos.
ABSTRACT Purpose: To correlate provocative test-based intraocular pressure (IOP) variation parameters (fluctuation and peak) with functional status, and to compare these IOP parameters between treated eyes with asymmetric primary open-angle glaucoma (POAG). Methods: A prospective observational study including consecutively treated patients with primary open-angle glaucoma was performed. Subjects with ocular diseases other than glaucoma or previous incisional glaucoma surgery were excluded. The primary inclusion criteria were 33 visual field tests and 32 years of follow-up, without any changes on current medical regimen. Long-term intraocular pressure parameters were acquired via isolated intraocular pressure measurements from the patients' last 5 office visits. To evaluate provocative test-based intraocular pressure parameters, all patients were submitted to a water drinking test. Initially, the partial correlation coefficients between each intraocular pressure variation parameter and visual field mean deviation were calculated, adjusting for the baseline intraocular pressure and number of antiglaucoma medications. In addition, each intraocular pressure parameter was compared between eyes with better visual field mean deviation and fellow eyes with worse visual field mean deviation in patients with asymmetric visual field loss (defined as an inter-eye visual field mean deviation difference of at least 3 dB). Results: A total of 87 eyes (87 patients; mean age, 61.9 ± 12.5 years; 59.8% women) with primary open-angle glaucoma were included. The patients underwent a median of 5 visual field tests, with a mean follow-up of 4.3 ± 1.4 years. Neither long-term nor water-drinking test intraocular pressure variation parameters were significantly associated with visual field mean deviation values (p30.117). In the subgroup with asymmetric visual field loss (64 eyes of 32 patients; mean age, 65.0 ± 11.4 years), neither long-term water-drinking test intraocular pressure variation parameters differed significantly between eyes with better and worse visual field mean deviation (p30.400). Conclusion: Our results indicate that neither long-term intraocular pressure variation parameters nor stress test-derived intraocular pressure metrics, as assessed by the water-drinking test, appear to correlate with the visual field status or differ significantly between eyes with asymmetric visual field damage, suggesting that other factors may explain such functional asymmetry, and that the water-drinking test does not add significant information to these cases.