Apesar de cientistas e tomadores de decisão abraçarem o conceito geral de "desenvolvimento sustentável", há pouco acordo sobre como se atingir esta meta em situações específicas. Assim, projetos de desenvolvimento sustentável são amplamente criticados por etno-cientistas quanto à forma como são inter-culturalmente formulados. Aqui reportamos um caso controverso de plantio de coco-da-Bahia em aldeias Kayapó do sul do Pará, e fazemos a nossa autocrítica. Nós partimos da premissa de que o reflorestamento e o estado geral de saúde/nutrição caminham lado a lado. Portanto, o desenvolvimento da cultura de cocos por si só deve contribuir para a conservação da floresta no longo prazo e, simultaneamente, contribuir para o bom estado nutricional do povo Kayapó que protege a floresta da ameaça de práticas não-sustentáveis. Nós buscamos descobrir como que o comportamento dos Kayapó afeta o desenvolvimento da cultura de cocos quando amparada com suporte externo. Nós apresentamos resultados de duas viagens de campo para a terra Kayapó, onde detectamos fatores sócio-ecológicos relevantes para o sucesso de nosso projeto de apoio à cultura de coqueiros nas aldeias indígenas. Primeiro, em novembro de 2007, nós visitamos as aldeias Kikretum, Moikarakô e Aukre (dentre 10 aldeias que receberam mudas de coqueiros de nosso programa de apoio) para entregar um segundo carregamento de mudas de coqueiro (o primeiro carregamento aconteceu em abril de 2006). E descrevemos quantitativamente um aspecto do comportamento dos dispersores de sementes de coco (os Kayapó). Especificamente, como as palmeiras pré-existentes nas aldeias são distribuídas dentre as famílias dos índios e como este carregamento sobreviveu a fatores etno-ecológicos. Segundo, em julho de 2008 nós visitamos as aldeias Kokraimoro e Pykararankre e estimamos a posição dos coqueiros pré-existentes e dos novos em relação a outras árvores cultivadas, fazendo uso de censos partindo do centro das aldeias para seus limites exteriores. Nas três aldeias indígenas visitadas em 2007, virtualmente todos os coqueiros pré-existentes pertenciam a poucas famílias e a distribuição de frutos era, na maior parte dos casos, altamente concentrada dentre os membros destas famílias. Entretanto, assumindo que todos os coqueiros jovens que sobreviveram ao primeiro ano chegarão à maturidade (do primeiro carregamento em abril de 2006), eles representam um aumento considerável no numero projetado de coqueiros adultos nas três aldeias visitadas (48, 195 e 101% em Kikretum, Moikarakô e Aukre, respectivamente). E uma redução substancial na desigualdade de acesso aos cocos. Na expedição de 2008, encontramos que os índios geralmente plantam coqueiros bem próximos das suas casas onde a competição com outras árvores cultivadas podem limitar o desenvolvimento das palmeiras.
Although scientists and policy makers embrace the general concept "sustainable development", there are few who agree on how to carry out sustainable development in specific situations. As such, sustainable development projects among ethnoscientists are widely critiqued as to how well they are inter-culturally formulated. Here we report on a controversial case of planting coconuts in Kayapó Indian villages of southern Pará, Brazil and offer our own self-critique. We began under the premise that reforestation and Kayapó general health/nutrition go hand in hand. Therefore, the flourishing of coconut culture will contribute to forest conservation in the long run, in itself, and simultaneously, maintain good nutrition for the Kayapó people who protect the forest from the threat of non-sustainable practices. We take an ethnoecological approach in discovering how Kayapó behavior affects the growth and flourishing of coconut culture when fostered with external supply. We present the results of two field trips to the Kayapó indigenous territory, where we found socio-ecological factors relevant to the success of our project supporting the culture of coconuts in indigenous villages. First, in November 2007, we visited Kikretum, Moikarakô and Aukre villages (among 10 villages which received coconut seedlings from our support program) to deliver a second shipment of coconut seedlings (the first shipment to these villages took place in April 2006) and quantitatively described one aspect of coconut seed-disperser's (the Kayapó's) behavior. We looked specifically at how the pre-existing coconuts palms were distributed among the Indian families, how they distributed last year's shipment, and how that shipment survived due to ethnoecological factors. Second, in July 2008 we visited Kokraimoro and Pykararankre villages and estimated the position of the previously existing and newly planted coconut palms in relation to other cultivated trees by making use of censuses departing from the village center to their outside limits. In the three Indian villages we visited in 2007, virtually all pre-existing coconut trees belonged to a select few families, and the coconut fruit distribution was, in most cases, highly concentrated among these family members. However, assuming that all the coconut saplings that survived the first year will reach maturity (from the first shipment in April 2006), they represent a remarkable increase in the projected number of adult coconut palms in the three visited villages (48, 195 and 101% in Kikretum, Moikarakô and Aukre, respectively), and a substantial reduction in the inequality in access to coconuts. In the 2008 field trip, we found that the Indians usually plant coconuts very close to their houses where competition with other cultivated trees may hinder the palms development.