OBJETIVO: Inquéritos sorológicos têm evidenciado ampla circulação de arbovírus causadores de doença humana na Região do Vale do Ribeira, São Paulo, Brasil. Com o propósito de estabelecer a prevalência de infecções por esses agentes em reserva ecológica, localizada naquela área, pesquisou-se a presença de anticorpos, bem como suas possíveis associações com características individuais e familiares dos investigados. MÉTODOS: Pesquisaram-se anticorpos para os antígenos dos vírus Rocio (ROC), Ilhéus (ILH), encefalite de St. Louis (SLE), encefalites eqüinas do leste (EEE), oeste (WEE) e venezuelana (VEE), em 182 pessoas pertencentes a 58 famílias residentes na Estação Ecológica de Juréia-Itatins, utilizando-se testes de inibição de hemaglutinação e neutralização com redução de placas. Usou-se Mac-Elisa para pesquisar anticorpos IgM para os vírus ROC, ILH e EEE. RESULTADOS: Foi observada a presença de anticorpos para todos os arbovírus testados, com exceção do vírus WEE. A prevalência total de anticorpos foi 26,9% (21,4% para alfavírus e 12,6% para flavivírus). Não foram encontrados anticorpos IgM. Entre as várias características pesquisadas dos indivíduos e de suas famílias, a idade, a ocupação, a naturalidade e o hábito de entrar na mata mostraram-se estatisticamente associados a infecções por arbovírus (p<0,05). CONCLUSÕES: Existe intensa circulação de arbovírus patogênicos, especialmente do alfavírus VEE, na população estudada. Aparentemente, a principal forma de exposição a vetores de arbovírus nessa população é o hábito de entrar na mata. Sugerem-se outras investigações sobre a responsabilidade de aves atuando como amplificadores de vírus dentro dos domicílios.
OBJECTIVE: Serological inquires conducted in the Ribeira Valley, S. Paulo State, Brazil, showed an intense circulation of pathogenic arboviruses in the region. The goal was to verify the prevalence of arboviral infections in people living at the local ecological, and its potential association with these population' individual and familiar characteristics. METHODS: The study was carried out among 182 persons of 58 families to identify the presence of antibodies to the following viruses: Rocio (ROC), Ilheus (ILH), Eastern equine encephalitis virus (EEE), Western equine encephalitis virus (WEE), Venezuelan equine encephalitis virus (VEE) and St. Louis encephalitis virus (SLE). Inhibition hemagglutination test and plaque reduction neutralization test were the laboratory assays of choice. MAC-ELISA was used to identify IgM antibodies to ROC, ILH and EEE viruses. RESULTS: The prevalence of antibodies was 26.9% (21.4% to alphavirus and 12.6% to flavivirus). There were no antibodies to WEE virus. IgM antibodies were not observed suggesting no recent infection in study population. Among the characteristics investigated, age, occupation, place of birth and the habit of going into the forest were shown to be statistically associated with arboviral infection (p<0.05). CONCLUSIONS: It was observed an intense circulation of pathogenic arboviruses, especially VEE. It seems the habit of going into the forest is the most important factor to this population exposure to the mosquito vectors of arboviruses. The results suggest the need of further investigation to clarify the role of birds as arbovirus infection amplificators indoors.