RESUMO A análise da diversidade por partição é uma abordagem empregada para tentar compreender como as comunidades se estruturam espacialmente e os fatores que operam na geração e manutenção dos padrões de distribuição das espécies. Nós examinamos a estrutura espacial da diversidade de espécies referente a quatro grupos taxonômicos com diferentes capacidades de dispersão, em 16 fragmentos florestais localizados no sul do Estado de Minas Gerais, Brasil. Especificamente, testamos: i) se a similaridade na composição de espécies estaria relacionada negativamente com a distância geográfica entre os fragmentos e ii) se a diversidade beta apresentada por cada grupo poderia ser negativamente relacionada com as respectivas capacidades de dispersão. Tanto a diversidade alfa quanto a similaridade composicional entre as localidades foram baixas. A diversidade beta não esteve correlacionada com a distância para nenhum dos grupos. Os primatas, seguidos das aves, apresentaram maior tendência em formar agrupamentos de similaridade, embora de maneira independente da distância entre os fragmentos, bem como os menores valores relativos de diversidade beta. Já espermatófitas e anfíbios não definiram agrupamentos e apresentaram relativamente os maiores valores de diversidade beta. Interpretamos tais resultados como indicações de que grupos com maior capacidade de dispersão (primatas e aves) tendem a alcançar, em média, localidades mais distantes e, portanto, a definir agrupamentos mais similares (i.e. baixa diversidade beta). Já os grupos com menor capacidade de dispersão (espermatófitas e anfíbios) apresentaram a tendência oposta. Apesar da maioria das espécies terem apresentado ocorrência restrita a poucas localidades, contribuindo para a baixa similaridade, as altas diversidades beta e gama demonstraram o quanto as localidades são distintas e complementares entre si em termos de composição de espécies. Tais características reforçam e justificam futuras iniciativas de conservação, tanto em âmbito local quanto regional.
ABSTRACT Diversity analysis by partition is an approach employed in order to understand how communities spatially structure themselves and the factors that operate in the generation and maintenance of distribution patterns. We examined the spatial structure of species diversity of four taxonomic groups, with different dispersal abilities, in 16 forest fragments in the southern region of the state of Minas Gerais, Brazil. Specifically, we tested: i) if the similarity in species composition would be negatively related to geographical distance between the 16 fragments; and ii) if the beta diversity of the different groups could be negatively related to their dispersal abilities. Alpha diversity and the compositional similarity between localities were both low. Beta diversity was not correlated with distance for any of the groups. Primates, followed by birds, showed a higher tendency of forming similarity groupings, although in a manner that was independent from distance between fragments, as well as showed the lowest beta diversity relative values. Spermatophytes and amphibians did not define groupings and presented the highest values of beta diversity. We interpreted such results as indications that the groups with higher dispersal ability (primates and birds) tend to reach, on average, farther localities and, therefore, to define more similar groupings (low beta diversity). The groups with lower dispersal ability (spermatophytes and amphibians) showed the opposite tendency. Although most of the species were restricted to few localities, contributing to the low similarity, beta and gamma diversity values showed the extent which the localities are, respectively, different and complementary to each other in terms of species composition. Such features reinforce and justify future conservation initiatives, both in local and regional levels.