RESUMO: Leishmaniose visceral (LV) é causada pelo protozoário Leishmania infantum . A transmissão deste parasito para hospedeiros é principalmente vetorial. No entanto, rotas alternativas de infecção têm sido investigadas, especialmente em áreas onde o vetor biológico está ausente. O período exato de infecção e se a transmissão in utero ocorre ainda não está totalmente elucidada. Este estudo demonstra uma evidência molecular da transmissão vertical de L. infantum de uma cadela prenhe para o embrião. As amostras (vulva, vagina, cérvix, corpo do útero, corno do útero e ovários) de uma fêmea naturalmente infectada por L. infantum e de seu embrião foram analisados molecularmente por meio de qPCR e cPCR, seguido de sequenciamento de DNA. A estimativa da idade gestacional foi de 23±1 dia. Na qPCR, a presença de DNA de L. infantum foi detectado em todas as amostras (n=7) analisadas, incluindo o embrião. No entanto, na PCR convencional, apenas quatro amostras (vagina, cérvix, corpo do útero e embrião) foram positivas. Este estudo demonstrou que a transmissão de L. infantum de uma cadela prenhe para o embrião pode ocorrer nos primeiros dias de prenhez. Em conclusão, de acordo com o conhecimento dos autores, este é o primeiro relatório evidenciando infecção de embrião canino por L. infantum.
ABSTRACT: Visceral leishmaniasis (VL) is caused by the protozoon Leishmania infantum . Transmission of this parasite to hosts occurs mainly through the bite of infected sand flies. However, alternative infection routes have been hypothesized, especially in areas where the biological vector is absent. The exact time of infection and whether in utero transmission occurs have still not been fully elucidated. This report demonstrates molecular evidence of vertical transmission of L. infantum from a pregnant dog to the embryo. Samples (e.g. vulva, vagina, cervix, uterine body, uterine horn and ovaries) from a female naturally infected by L. infantum and from her embryo were molecularly analyzed by means of qPCR and cPCR followed by DNA sequencing. The gestational age was estimated to be 23±1 day. Through qPCR, the presence of L. infantum DNA was detected in all the samples analyzed (n=7), including the embryo, conversely through cPCR, only four samples (vagina, cervix, uterine body and embryo) were positive. This study demonstrated that transmission of L. infantum from a pregnant dog to the embryo might occur in the early days of pregnancy. In conclusion, this is the first report showing L. infantum infecting a canine embryo.