O 'benzimento' é forma antiga no tratamento de várias doenças, utilizada na Europa desde a Idade Média. No Brasil, os benzedores surgiram a partir do século XVII. Interpretações dos conhecimentos, uso tradicional dos recursos vegetais e manejo realizado por benzedores, raizeiros e parteiras são fonte de pesquisa nos estudos etnobotânicos. Benzedores indicam plantas para efeito de cura ou como amuletos protetores, com a presença destas formas de uso da flora na cultura popular. Este estudo foi realizado em Juruena, Mato Grosso, com aplicação de técnicas de observação participante, entrevistas semi-estruturadas (questões abertas/fechadas) gravadas e amostras intencionais e a realizção de coleta de material botânico, depositado no Herbário da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Teve o objetivo de compreender a importância das benzedeiras, identificar etnobotanicamente as plantas utilizadas, formas de prescrição e manipulação. Foram entrevistadas quatro benzedeiras no período de setembro de 2002 a novembro de 2003, as quais demonstraram um conhecimento etnobotânico expressivo. Estas benzem, preparam e receitam chás, garrafadas, banhos e ungüentos. As enfermidades tratadas foram agrupadas em duas categorias: doenças físicas (dorde-dente, dor-de-barriga, verminoses, cobreiro, arca-caída, rendidura, erisipela etc) e doenças espirituais (quebranto, mau-olhado, pessoas carregadas, encosto). Foram relatadas 87 etnoespécies, distribuídas em 31 famílias botânicas, dentre as quais se salientam erva-de-Santa-Maria (Chenopodium ambrosioides L.), chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus MIq.), quina-do-mato (Strychnos sp St.Hil.), ipê-roxo (Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo), arruda (Ruta graveolens L.), guiné (Petiveria alliacea L.) e comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta L). A medicina popular praticada pelas benzedeiras vem ao encontro dos anseios das pessoas que buscam alívio para seus males, com valores e herança cultural inseridos nesta prática de benzimento, que se mantém viva em Juruena
Quack benediction has been used in Europe since the middle ages to treat lots of illness. In Brazil the bezendores appeared during the XVII century and interpretation of their knowledge, traditional use and management of plant resources are commonly addressed in ethnobotanical studies. Braziliam bezendores prescribe plants that can be used as medicine or as an amulet for personal protection. This use of plant material are present in the national popular culture. The present study was carried out at the municipality of Juruena, in Mato Grosso state, and it aimed to understand the importance of benzedeiras, to identify the plants used by them and how they are prescribed and manipulated. To reach the objectives we used techniques of participant-observation, semi-structured interviews and intentional samples. Additionally botanical material were collected and is deposited in the UFMT Herbarium. Four benzedeiras were interviewed between Septembrer/2002 and November of 2003 and they revealed an expressive botanical knowledge relating to quack benediction. They can benzer, prepare and prescribe teas, bottle preparative, medicinal baths and unguents. The illness cited by the benzedeiras was grouped as physical (for example, toothache, bellyache), and spiritual. A total of 87 ethno-species was mentioned arranged in 31 botanical families and between them it is important to pointing out erva-de-Santa-Maria (Chenopodium ambrosioides L.), chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus Miq.), quina-do-mato (Strychnos sp.), ipê-roxo (Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo), arruda (Ruta graveolens L.), guiné (Petiveria alliacea L.), comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta L.). The popular medicine practiced by bezendeiras meets the necessities of people that is looking for the cure for its own problems. Values and cultural heritage are inserted in the "benzimento" and this culture is alive at Juruena