Objetivou-se quantificar as frações de carboidratos pelas equações do Cornell Net Carbohydrate and Protein System (CNCPS) de três cultivares de girassol (Helianthus annuus L.) cultivados na presença ou não de irrigação. A utilização de uma preparação fibrosa, denominada parede celular (PC), nas equações da CNCPS, em substituição à fibra em detergente neutro (FDN) não promoveu diferenças nas frações de carboidratos B1 e C, mas influenciou as frações A e B2. Como os valores da fração B1, obtidos pelo modelo CNCPS foram menores que os teores de amido e pectina determinados em laboratório, supõe-se que a pectina e outros oligossacarídeos da parede celular, solubilizados pela solução de detergente neutro (fibra solúvel), nunca fizeram parte da fração B1, e sim da fração A. Apesar de os carboidratos da fibra solúvel apresentarem elevadas taxas de degradação, não parece adequada a caracterização da fibra solúvel na fração A. Parece mais adequado que a fibra solúvel (que inclui a pectina) seja alocada a uma fração exclusivamente sua, que pode ser a fração B2, e que seja criada uma nova fração, a B3, para os carboidratos digeríveis da parede celular. Assim, a fração B1 seria composta apenas de amido. A equação da fração C, que estima os carboidratos indigeríveis da parede celular, pode ser simplificada, relacionando a fração indigerível ao teor de lignina na matéria seca, e não à FDN isenta de cinzas e proteína, como atualmente utilizado. Esta proposta tem implicações práticas, uma vez que a fração indigerível da parede celular tem sido expressa em relação à FDN, e não na MS, com base no fato de que os efeitos inibitórios da lignina ocorrem sobre os componentes fibrosos da parede celular vegetal, e não sobre o conteúdo celular.
This work aimed to estimate the carbohydrate fractions in three sunflower (Helianthus annuus L.) cultivars in the presence or absence of irrigation, using the Cornell Net Carbohydrate and Protein System (CNCPS) equations. The utilization of a fibrous preparation called cell wall (CW) in the CNCPS equations instead of neutral detergent fiber (NDF) showed no differences in the B1 and C fractions; however, there were differences in the A and B2 fractions. Because estimates of B1 fraction were lower than wet chemistry determinations of starch and pectin, it was assumed that pectin and other oligosaccharides, that are dissolved by the neutral detergent (soluble fiber), were part of fraction A, but not part of fraction B1. In spite the soluble fiber carbohydrates have high degradation rates, characterization of soluble fiber within fraction A seems inadequate. It seems coherent that soluble fiber (which includes pectin) be allocated exclusively to a fraction which could be fraction B2. In addition, a new fraction (B3) should be created for the digestible cell wall carbohydrates. Thus, the fraction B1 would be constituted only by starch. It was verified that the equation for the fraction C, which estimates the indigestible cell wall carbohydrates, could be simplified, expressing lignin on a dry matter basis, instead of ash + protein-free NDF as it is used currently. This finding has a practical implication, because it has been recommended that the indigestible cell wall be related to NDF, and not to DM, on the basis that the inhibitory effects of lignin occur on the plant cell wall fibrous carbohydrates and not on the cell content.