RESUMOS O presente texto busca debruçar-se sobre a chamada “tradição durkheimiana”, até então associada a um conjunto mais ou menos disperso de desdobramentos intelectuais, a fim de responder à seguinte pergunta: será possível encontrar, por trás dos desenvolvimentos teóricos aparentemente contraditórios de autores como Lévi-Strauss, Parsons, Goffman, e outros pretensos herdeiros do legado durkheimiano, algum tipo de esquema conceitual dotado de possibilidades lógicas de desenvolvimento a tal ponto abertas, que pudéssemos ainda alocá-los no interior de uma herança intelectual dotada de coerência e unidade? Um problema desse tipo remonta, é claro, não apenas à identidade da tradição, mas a uma possível unidade no interior da obra durkheimiana. Nossa hipótese de trabalho é de que a teoria das representações coletivas, tal como formulada pelo sociólogo francês em seus textos tardios, poderia fornecer uma possível resolução para essas questões.
ABSTRACT The present text seeks to address the so-called “Durkheimian tradition”, until then associated with a more or less scattered set of intellectual developments in order to answer the following question: would it be possible to find, behind the apparently contradictory theoretical developments by authors such as Lévi-Strauss, Parsons, Goffman, and other would-be heirs of the Durkheimian legacy, some kind of conceptual scheme endowed with logical development possibilities so open that we could still allocate them within a coherent intellectual heritage endowed with coherence and unity? Such a problem goes back, of course, not only to the identity of the tradition but to a possible unity within the Durkheimian work. Our working hypothesis is that the theory of collective representations, as formulated by the French sociologist in his late texts, could provide a possible resolution to these issues.
RESUMÉS Le présent travail analyse ladite « tradition durkheimienne », jusqu’alors associée à un ensemble plus ou moins épars de dédoublements intellectuels, afin de répondre à la question suivante: derrière les développements théoriques apparemment contradictoires d’auteurs comme Lévi-Strauss, Parsons, Goffman et d’autres prétendus héritiers du durkheimisme, existe-t-il un schéma conceptuel aux possibilités logiques de développement suffisantes pour parler d’un héritage intellectuel cohérent et unitaire ? Un tel problème ne concerne pas seulement l’identité de la tradition, il renvoie aussi à la question de l’unité au sein de l’œuvre de Durkheim. Nous posons l’hypothèse que la théorie des représentations collectives, telle que formulée par le sociologue français dans ses derniers textes, pourrait apporter une réponse possible à ces interrogations.