INTRODUÇÃO: No Brasil, a maioria das intervenções na valva mitral são devidas à doença cardíaca reumática (DR). Algumas vantagens da plastia mitral em relação à troca valvar são menor mortalidade operatória e tardia, manutenção da geometria e função ventricular esquerda e menor número de eventos relacionados à valva. A evolução da DR, porém, interfere negativamente nos resultados de reconstrução. OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo analisar os resultados da plastia mitral na correção da insuficiência mitral pura em pacientes com DR, tendo como referência pacientes com degeneração mixomatosa (DM). CASUÍSTICA E MÉTODO: O estudo foi retrospectivo, baseado em revisão de prontuários de 9 pacientes com DM e 11 com DR submetidos a plastia ou reconstrução valvar mitral entre julho de 1992 e agosto de 1999. Foram realizados 26 procedimentos na valva mitral dos pacientes com DM e 31 naqueles com DR. Anuloplastia com anel maleável de pericárdio bovino foi realizada em 18 (90%) pacientes, e apenas duas com anel rígido (uma em cada grupo). Em relação ao reparo de defeitos nas cúspides, foi realizado um total de 24 procedimentos. As técnicas foram ressecção quadrangular (n = 13), encurtamento por trincheira (n = 5), comissurotomia (n = 4), extensão de folheto posterior (n = 3), transposição de corda (n = 3), reposição de corda (n = 2), papilotomia (n = 2), plicatura de corda (n = 1) e dobramento de folheto (n = 1). RESULTADO: O seguimento médio foi de 3,4 anos, e apenas um paciente com DR não compareceu às consultas. Não houve mortalidade hospitalar ou tardia. Um paciente com DR foi reoperado e nenhum no grupo de DM. A taxa de risco linear para reoperação foi de 2,59% por paciente/ano no grupo com DR. Um paciente com DR apresentou endocardite três meses após a operação. Os diâmetros sistólico e diastólico finais de ventrículo esquerdo de ambos os grupos não apresentaram diferença estatística. CONCLUSÕES: Concluímos que o resultado pós-operatório imediato e a médio prazo (3,4 anos) da reconstrução mitral por insuficiência mitral pura foi satisfatório nos dois grupos. A evolução dos pacientes com doença cardíaca reumática no período de seguimento foi comparável àqueles com degeneração mixomatosa quanto a mortalidade imediata e tardia, endocardite, acidente tromboembólico e sangramento associado a anticoagulante.
RACIONALE: Most surgical intervention on the mitral valve in Brazil are due to rheumatic cardiac disease (RCD). Some advantages of the mitral valve repair over replacement are lower operative and late mortality, maintenance of geometry and left ventricular function. Nevertheless, the evolution of the RCD can jeopardize the late results of mitral reconstruction. OBJECTIVE: The objective of this study is to compare the results of mitral valve repair for isolated regurgitation in our patients with RCD and myxomatous degeneration (MD). MATERIAL AND METHODS: Charts from patients with RCD (n = 11), and MD (n = 9) submitted to mitral repair between July 1992 and August 1999 were reviewed. Twenty six mitral procedures were performed on patients with MD, and 31 on those with RCD. Bovine pericardial ring was used for anuloplasty on 18 patients, and rigid (Carpentier) ring on 2 (one in each group). The techniques were quadrangular ressection (n = 13), trench shortening (n = 5), comissurotomy (n = 4), leaflet extention (n = 3), chordal transposition (n = 3), chordal replacement (n = 2), papilotomy (n = 2), chordal plication (n = 1), and folding plasty (n = 1). RESULTS: Mean follow-up was 41.5 months (6 to 96 months), and one patient was lost. There were no hospital or late deaths. One patient with RCD were reoperated for disease evolution. One patient was treated concervatively for endocaditis 3 months after surgery. The difference on left ventricular diameter, both systolic and diastolic, did not reach statistical significance (p = 0.20; p = 0.17, respectively). CONCLUSION: In conclusion, the mid-term (3.4 years) results for mitral valve repair due to isolated regurgitation were satisfactory in both groups. Clinical follow-up of patiens with RCD was comparable to those with MD in respect to operative and late death, endocarditis, and valve related events.