RESUMO A associação entre síndrome de Guillain-Barré (SGB) e citomegalovírus (CMV) já é bem estabelecida na literatura, tendo sido primeiramente relatada em 1967. Porém, essa associação é rara em pacientes transplantados de órgãos sólidos, apesar da incidência de infecção sintomática por CMV ser maior nesta população. Devido ao seu potencial de gravidade, alta morbidade e mortalidade, a possibilidade de SGB não pode ser afastada em caso de complicação neurológica em pacientes transplantados. Neste relato, é descrito um caso de SGB secundária a CMV em um paciente transplantado renal de 8 anos de idade, na faixa etária pediátrica, intervalo com ainda maior escassez de relatos sobre essa associação. O paciente apresentava sorologia (IgG e IgM) negativa para CMV em exames pré-transplante, enquanto o doador possuía IgG positiva, havendo dessa forma alto risco de desenvolvimento da doença. A abertura do quadro clínico ocorreu cerca de dois meses após a realização do transplante, com sintomas e evolução clássicos de SGB. São discutidos os aspectos clínicos, diagnósticos, de tratamento e de evolução da doença, além da relação com as evidências presentes na literatura mundial. GuillainBarré Guillain Barré (SGB (CMV 1967 Porém sólidos população gravidade mortalidade relato idade pediátrica IgM prétransplante, prétransplante pré transplante pré-transplante positiva doença clínicos diagnósticos mundial 196 19 1
ABSTRACT The association between Guillain-Barré syndrome (GBS) and cytomegalovirus (CMV) is already well established in the literature, first reported in 1967. However, this association is rare in solid organ transplant patients, although the incidence of symptomatic CMV infection is higher in this population. Due to its potential severity, high morbidity and mortality, the possibility of GBS cannot be ruled out in the case of neurological complications in transplant patients. In this report, a case of GBS secondary to CMV is described in an eight-year-old kidney transplant patient in the pediatric age group, an interval with an even greater scarcity of reports on this association. The patient had negative antibodies (IgG and IgM) for CMV in pre-transplant tests, while the donor had positive IgG antibodies, meaning a higher risk of developing the disease. The clinical condition began approximately two months after the transplant, with classic symptoms and the evolution of GBS. The clinical aspects, diagnosis, treatment and evolution of the disease are discussed, in addition to the evidence in the world literature. GuillainBarré Guillain Barré (GBS (CMV literature 1967 However patients population severity mortality report eightyearold eight year old group IgM pretransplant pre tests aspects diagnosis discussed 196 19 1