Resumo O estado do Espírito Santo apresenta grande variedade de ecossistemas num território relativamente pequeno. A exuberância de suas florestas vem despertando o interesse de muitos naturalistas e viajantes desde o século XIX, os quais deixaram registros valiosos dos primeiros anos da ocupação das "Areas Prohibidas" a leste de Minas Gerais. O cultivo do café, um dos alicerces econômicos do estado, deu início à perda dessas florestas. Tais perdas alavancaram o movimento conservacionista e a pesquisa científica no estado. A biogeografia, riqueza de espécies e de processos ecológicos nos fragmentos que restaram no Espírito Santo ainda revelam surpresas. Dentro do domínio da Floresta Atlântica, o estado abriga diferentes tipos de vegetação: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Savanas, Formações Pioneiras e Refúgios Ecológicos. A descrição e classificação da vegetação do Espírito Santo ainda está inacabada tendo em vista as incertezas levantadas por alguns estudos. Também não existe um mapa da vegetação que contemple adequadamente a diversificada vegetação. A despeito de tais limitações, apresentamos descrições sucintas sobre os tipos de vegetação que vêm sendo reconhecidos na literatura moderna.

Abstract The Espírito Santo state has a great variety of ecosystems in a relatively small territory. The exuberance of its forests has awakened the interest of many naturalists and travelers since the nineteenth century, who left valuable recordings of these early years of occupation of the "Areas Prohibidas" (Prohibited Areas), East of Minas Gerais. The coffee crops, one of the economic basis of the state, started the loss of these forests. Such losses also boosted the conservationist movement and the scientific research in the state. The biogeography, species richness, and the ecological processes in the remaining fragments of the Espírito Santo still reveal surprises. Within the Atlantic Forest domain, the state shelters different vegetational types: Ombrophilous Dense Forest, Ombrophilous Open Forest, Seasonal Semideciduous Forest, Savannas, Pioneer Formations, and Ecological Refuges. The description and classification of the vegetation is still unfinished due to the uncertainties raised by some studies. Moreover, there is a lack of a vegetation map that adequately contemplates the diversified vegetation. Despite these limitations, we present short descriptions of the vegetation types that have been recognized in the modern literature.

ABSTRACT The interplay between plant-plant interactions and light heterogeneity in the understory of tropical forests has rarely been examined. We aimed to identify the relative importance of the understory light environment and terrestrial bromeliads in explaining the abundance and spatial organization of different plant life forms along a coastal forest gradient from seashore inland in southeastern Brazil. We estimated the abundance of various life forms (herbs, woody plants, bromeliads, climbers, and palms) and the degree of light availability using hemispherical photographs in 165 plots (1 m2) within a 1.75 ha site. We used ordination methods, partial redundancy analysis (pRDA), spatial filtering using Moran’s eigenvector mapping, and Moran’s I splines. Forest cover was highly heterogeneous, but did not explain variation in abundance of life forms. Spatially, bromeliads were negatively associated with woody saplings, herbs and climbing plants at scales between 5-20 m, while the distance to seashore was found to be unrelated to these patterns. Our findings revealed that terrestrial bromeliads play an important role in the spatial organization of various life forms near the forest floor. Overall, the presence of terrestrial bromeliads and the plant area index better explained the understory vegetation than forest cover and distance to seashore.

O planalto sul-brasileiro apresenta um mosaico de duas comunidades vegetais contrastantes, florestas com Araucaria e campos, que diferem em suas abundâncias relativas e nos padrões espaciais de nitrato e amônio no solo. Entretanto, ainda não se conhecem as preferências quanto ao N inorgânico de uma espécie-chave neste mosaico, Araucaria angustifolia, a espécie arbórea dominante nas florestas com Araucaria e uma importante espécie florestal que invade os campos adjacentes. Respostas de crescimento medidas em um estudo em casa de vegetação demonstraram que a espécie o prefere o NH4+ ao NO3-, como fonte de N inorgânico. Quando fornecido isoladamente, o NO3- induziu sintomas de deficiência de N: aumentos na razão raiz:parte aérea, ramificação radicular e massa foliar por área, espessamento dos ápices caulinares e redução nas concentrações por unidade de massa de clorofila e N, nas folhas jovens. Uma nutrição baseada em nitrato também afetou a distribuição de N e C na planta como um todo: as folhas jovens acumularam menos N e mostraram uma maior razão C:N do que as folhas maduras. A atividade da redutase do nitrato (ARN) seguiu o padrão de partição entre raiz e parte aérea esperado para coníferas de clima temperado (atividade concentrada nas raízes). No entanto, a presença de ARN mesmo sob nutrição exclusivamente com NH4+ indica que as plantas devem ter níveis constitutivos da enzima ou que baixos níveis de NO3- (possivelmente gerado pela contaminação do meio de cultivo) podem induzir ARN. Sugere-se que A. angustifolia tem no amônio sua forma preferencial de N inorgânico e que esta preferência pode favorecer um melhor estabelecimento nos campos do que nas florestas.

The southern Brazilian highland plateau is a mosaic of two contrasting plant communities, Araucaria forests and grasslands, which differ in the relative abundances and spatial patterns of soil nitrate and ammonium. However, we still do not know the inorganic N preferences of one key species in this mosaic, Araucaria angustifolia, the dominant tree species in the Araucaria forests and an important tree species invading the adjacent grasslands. Growth responses measured in a greenhouse study demonstrated that the species prefers NH4+ over NO3- as an inorganic N source. When provided alone, NO3- induced N deficiency symptoms: increases in root: shoot ratio, root branching and leaf mass per area, thickening of the shoot apexes and decreased mass-based chlorophyll and N concentrations of the young leaves. Nitrate-based nutrition also affected the whole plant N and carbon (C) distribution: young leaves accumulated less N and showed a larger C:N ratio than mature leaves. The nitrate reductase activity (NRA) followed the pattern of root: shoot partitioning expected for temperate climate conifers (activity concentrated in roots). However, the presence of NRA even under sole NH4+ nutrition indicates that plants may show constitutive levels of the enzyme, or that low levels of NO3- (possibly formed by contamination of the growth media) can induce leaf NRA. We suggest that A. angustifolia has ammonium as a preferential inorganic N source, and that this preference may favor a more successful establishment in grassland than in forest areas.