O presente artigo analisa, inicialmente, a polissemia da categoria trabalho como resultante de uma construção histórico-social e, em nossa sociedade, com o sentido de dominação de classe. Em seguida discute a abordagem de Sérgio Lessa que sustenta que a perda da precisão semântica do vocábulo trabalho advém do abandono da análise imanente e ortodoxa do trabalho na perspectiva do livro I de O capital de Karl Marx, tendo como consequência a nãodistinção entre proletários e trabalhadores e a definição de quem é hoje a classe revolucionária. Esse abandono levaria autores da tradição crítica nas ciências sociais a darem adeus ao trabalho e a educadores desse mesmo campo terem a ilusão de dimensões positivas da ciência e tecnologia e da educação politécnica ou omnilateral dentro da sociedade capitalista. Numa mesma direção de análise, Paulo Tumolo critica os educadores que veem a possibilidade da educação politécnica e do trabalho como principio educativo dentro da sociedade capitalista. Com base em autores marxistas que pensam com Marx para além de Marx, o artigo conclui que o deslocamento da perspectiva imanente e heurística para estudos e pesquisas do processo histórico sobre trabalho, classe e classe revolucionária conduziu Lessa e Tumolo a análises centradas em antinomias. O abandono das contradições pode ter como consequência, certamente não intencional, um duplo risco. O primeiro é conduzir, no campo político, a um imobilismo e a um beco sem saída, colocando para um imaginário futuro a tarefa de superação do trabalho, da ciência e da técnica e da educação alienadores. O segundo, específico para o campo da educação, é de que, ao tratar as análises dos pesquisadores criticados, mesmo com as ressalvas feitas, como ilusões ou lemas sem consistência teórica, acaba reforçando posturas conservadoras e neoconservadoras ou pós-modernas, já hegemônicas nestes tempos de capitalismo tardio.
The present article examines initially the polysemy of the category of labour as the result of a socio-historical construction and, in our society, with the meaning of class domination. It then discusses the approach of the Brazilian writer Sérgio Lessa, who holds that the loss of semantic precision of the word labour derives from abandoning the immanent and orthodox analysis of labour from the perspective of book I of Karl Marx's Capital and results in the non-distinction between proletarians and workers and the definition of who today is the revolutionary class. This abandonment, on the one hand, would lead authors of the critical tradition in the social sciences to give up the category of labour and educators, within the same field, to have illusions concerning the positive dimensions of science and technology and of polytechnical or omnilateral education in a capitalist society. In the same direction of analysis, the Brazilian Paulo Tumolo criticizes educators who see the possibility of polytecnical education and labour as an educational principle in a capitalist society. On the basis of Marxist authors who think with Marx beyond Marx, this article concludes that the displacement from the immanent and heuristic perspective to studies and research on the historical process of labour, class and revolutionary class have led Lessa and Tumolo to an antinomy-centred analysis. The abandonment of contradictions in their analyses may result in a double risk, although certainly not an intentional one. The first is to lead, in the political sphere, to immobilism and deadlock, leaving for an imaginary future the task of surpassing alienating labour, science, technique and education. The other risk, this specific to the field of education, is that by treating the analyses of the criticised researchers as illusions or mottos with no theoretical consistency, even with the reservations made, the conservative and neoconservative or post-modern postures already hegemonic in these times of late capitalism are reinforced.
El artículo analisa, inicialmente, la polisemia de la categoría trabajo como resultado de una construcción histórico social y, en nuestra sociedad, con el sentido de dominación de clase. En seguida discute el planteo de Sérgio Lessa que sustenta que la pérdida de la presición semántica del vocablo trabajo viene del abandono del análisis inseparable y ortodoxa del trabajo en la perspectiva del libro I de O capital de Karl Marx, teniendo como consecuencia la no distinción entre proletarios y trabajadores y la definición de quien es hoy la clase revolucionaria. Ese abandono llevaría a autores de la tradición crítica en las ciencias sociales a despedirse del trabajo y a educadores de este mismo campo a tener la ilusión de dimensiones positivas de la ciencia y tecnología y de la educación politécnica u omnilateral dentro de la sociedad capitalista. En una misma dirección de análisis, Paulo Tumolo critica los educadores que ven la posibilidad de la educación politécnica y del trabajo como principio educativo dentro de la sociedad capitalista. Con base en autores marxistas que piensan con Marx para más allá de Marx, el artículo concluye que el dislocamiento de la perspectiva inseparable y heurística para estudios y pesquisas del proceso histórico sobre trabajo, clase y clase revolucionaria, condujo a Lessa y Tumolo a análisis centradas en antinomias. El abandono de las contradicciones puede tener como consecuencia, ciertamente no intencional, un duplo riesgo. El primero es conducir, en el campo político, a un inmovilismo y a un callejón sin salida, colocando para un futuro la tarea de superación del trabajo, de la ciencia y de la técnica y de la educación alienadora. El segundo, específico para el campo de la educación, es de que, al tratar los análisis de los pesquisadores criticados, mismo con las limitaciones hechas, como ilusiones o lemas sin cosistencia teórica, acaba reforzando posturas conservadoras y neoconservadoras o postmodernas, ya hegemónicas en estos tiempos de capitalismo tardío.