Resumo Objetivo O presente estudo buscou caracterizar o perfil clínico, histológico e imunohistoquímico de mulheres com câncer de mama invasivo segundo o risco para a Síndrome de Predisposição Hereditária ao Câncer de Mama e Ovário em uma população brasileira. Métodos Trata-se de um estudo retrospectivo realizado a partir de uma coorte hospitalar composta por 522 mulheres diagnosticadas com câncer de mama entre 2014 e 2016 assistidas em um centro de referência oncológica localizado na região sudeste brasileira. Resultados Entre as 430 mulheres diagnosticadas com câncer de mama invasivo que compuseram a população de estudo, 127 (29,5%) foram classificadas como de risco aumentado para a síndrome de predisposição hereditária ao câncer de mama e ovário. Verificou-se menor nível de escolaridade nas pacientes com risco aumentado (34,6%) quando comparadas àquelas consideradas como de risco habitual (46,0%). Quanto às características do tumor, as mulheres de risco aumentado apresentaram maiores percentuais de doença diagnosticada em estádio avançado (32,3%) e com tumores > 2cm (63,0%), com prevalência aumentada para ambas as características, quando comparadas àquelas de risco habitual. Ainda nas mulheres de risco aumentado, foram encontrados maiores percentuais de GH3 (43,3%) e Ki-67 ≥ 25% (64,6%), com prevalência cerca de duas vezes maior neste grupo. A presença de tumores triplo-negativos foi observada em 25,2% nas mulheres de risco aumentado e 6,0% nas mulheres de risco habitual, com prevalência de ausência de biomarcadores 2,5 vezes maior entre as mulheres do grupo de risco aumentado. Conclusão A partir dos critérios clínicos rotineiramente utilizados no diagnóstico do câncer de mama, a prática assistencial do aconselhamento genético para as pacientes com risco aumentado de câncer de mama hereditário em contextos como o do Brasil ainda é escarça.
Abstract Objective The study aimed to characterize the clinical, histological, and immunohistochemical profile of women with invasive breast cancer, according to the risk for Hereditary Predisposition Breast and Ovarian Cancer Syndrome in a Brazilian population. Methods This is a retrospective study performed from a hospital-based cohort of 522 women, diagnosed with breast cancer treated at an oncology referral center in the Southeast region of Brazil, between 2014 and 2016. Results Among the 430 women diagnosed with invasive breast cancer who composed the study population, 127 (29.5%) were classified as at increased risk for hereditary predisposition to breast and ovarian cancer syndrome. There was a lower level of education in patients at increased risk (34.6%) when compared with those at usual risk (46.0%). Regarding tumor characteristics, women at increased risk had higher percentages of the disease diagnosed at an advanced stage (32.3%), and with tumors > 2cm (63.0%), with increased prevalence for both characteristics, when compared with those at usual risk. Furthermore, we found higher percentages of HG3 (43.3%) and Ki-67 ≥ 25% (64.6%) in women at increased risk, with prevalence being about twice as high in this group. The presence of triple-negative tumors was observed as 25.2% in women at increased risk and 6.0% in women at usual risk, with the prevalence of absence of biomarkers being 2.5 times higher among women in the increased risk group. Conclusion From the clinical criteria routinely used in the diagnosis of breast cancer, the care practice of genetic counseling for patients at increased risk of hereditary breast cancer in contexts such as Brazil is still scarce.