Resumo: Introdução: Estudos recentes demonstraram a relação complexa entre infeção por COVID-19, doença cardiovascular e mau prognóstico. Neste contexto, a avaliação das calcificações das artérias coronárias (CAC) pode ser uma ferramenta adicional na estratificação do risco clínico destes doentes. Métodos: Neste estudo retrospetivo foram recrutados 105 doentes consecutivos infetados com COVID-19, que realizaram TC do tórax sem gating cardíaco, numa única instituição entre Abril e Julho de 2020. As CAC foram avaliadas por dois observadores independentes e classificadas como ausentes, ligeiras, moderadas ou severas. O processo clínico dos doentes foi consultado para informação sobre variáveis demográficas, proteína C reativa à admissão, número de dias hospitalizado, necessidade de suporte ventilatório e morte. Os relatórios originais das TC foram consultados para verificar se mencionavam a presença de CAC. Resultados: Sessenta e seis (63%) dos doentes avaliados apresentavam CAC na TC. Doentes com qualquer grau de CAC tiveram maior probabilidade de precisar de suporte ventilatório (OR: 3,6) e de morrer (OR: 8,9). Doentes com CAC severas tiveram maior probabilidade de precisar de suporte ventilatório (OR: 4,1), e com CAC moderadas maior probabilidade de morrer (OR: 11,1). Doentes com CAC estiveram internados durante mais tempo (p=0,038). Apenas 21% dos relatórios originais (22 doentes) incluíram informação sobre CAC, mas estas foram mencionadas em 52% (12 doentes) dos relatórios dos doentes com CAC severas. Conclusão: As CAC estão associadas a pior prognóstico em doentes infetados com COVID-19, e podem ser usadas como uma ferramenta adicional na estratificação do risco clínico destes doentes. As CAC devem ser incluídas no relatório do radiologista sempre que observadas.
Abstract: Introduction: Recent studies have demonstrated the complex interplay between COVID-19 infection, cardiovascular disease, and poor outcomes. In this context, the evaluation of coronary artery calcifications (CAC) may provide additional risk stratification in COVID-19 patients. Methods: We retrospectively enrolled 105 consecutive COVID-19 patients who underwent non-gated chest CT at our department from April to July 2020. CAC were assessed by two independent observers and graded as absent, mild, moderate, and severe. Clinical files were checked for basic demographic variables, C-reactive protein at admission, number of hospitalization days, need for ventilatory support and death. Original CT reports were checked for mention of CAC. Results: Sixty-six patients had CAC on chest CT. Patients with any CAC were more likely to need ventilatory support (OR: 3.6) and to die (OR: 8.9). Patients with severe CAC were more likely to need ventilatory support (OR: 4.1) and with moderate CAC more likely to die (OR: 11.1). Patients with CAC had longer hospitalizations (mean: 18.5 days) than patients without CAC (mean: 12.4 days, p=0.038). Original radiological reports included CAC in only 22 (21%) of patients, but 12 (52.2%) of the severe CAC were included in the report. Conclusion: CAC are associated with a worse prognosis in COVID patients and may be used as an additional risk stratification tool in this patient population. CAC should be reported whenever visible.