Actualmente, devido à conjuntura macro-económica, as zonas costeiras do país estão cada vez mais sujeitas à pressão antropogénica provocada pela apanha de organismos bivalves e marisco no geral. Desde 2010 que a Câmara Municipal de Cascais (CMC) tomou conhecimento da apanha desregrada destes recursos, principalmente no feriado de sexta-feira santa. Neste dia verifica-se a captura de vários quilos de mexilhão (Mytilus galloprovincialis) por centenas de pessoas, o que provoca invariavelmente profundas perturbações na zona Intertidal e torna a sua recuperação muito morosa. A CMC desenvolveu durante o ano de 2011 e 2012 a campanha de sensibilização “Na Páscoa quem paga é o Mexilhão!”, que pretende alertar a população para esta problemática e informar acerca dos limites legais para a sua captura. O objectivo deste trabalho foi analisar o impacto da supracitada campanha de sensibilização nos bancos de mexilhão da zona do Mexilhoeiro (local preferencial de apanha). Realizaram-se amostragens no local durante três anos (2010 a 2012). Em 2010 não se realizou campanha de sensibilização e apenas foi realizada amostragem após a sexta-feira santa, no entanto realizaram-se amostragens em 2011 e 2012 antes e depois da sexta-feira santa. Além da percentagem de cobertura dos indivíduos sobre a rocha, foi medido o comprimento médio dos indivíduos. A análise gráfica subsequente indicou que a percentagem de cobertura de mexilhão tem vindo a diminuir ao longo dos anos. No entanto, um sinal positivo foi registado em 2012, verificando-se um aumento do comprimento médio dos indivíduos, o que poderá indicar uma diminuição da apanha aquando o dia de sexta-feira santa. Os resultados apresentados sugerem que campanhas de sensibilização para informação do público em geral, acompanhadas por um reforço na fiscalização das actividates piscatórias, são efectivas na protecção imediata dos recursos marinhos. Porém, é necessário um esforço contínuo para a manutenção dos resultados alcançados, uma vez que, a simples visitação massiva da zona no Verão pode ter impactos indesejados, que leva invariavelmente à diminuição da extenção dos bancos de mexilhão. Nestes casos a simples proibição da atividade piscatória não é suficiente.
The current macroeconomic scenario has subjected Portuguese coastal areas to greater human pressure caused by the ever-increasing shellfish harvest. Every year on Holy Friday, hundreds of people make their way to coastal areas and frantically capture hundreds of bags worth of mussels in a short amount of time. It causes not just inevitable and profound changes to the intertidal zone, but also slows down its recovery. In 2010 Cascais Municipality (CM) was made aware of this problem and in 2011 and 2012 released a general awareness campaign entitled “In Easter who pays is the mussel”. More than just providing a legal perspective, the goal was to test the impact of said campaign in Meixilhoeiro’s mussel beds. Biological data sampling in “Mexilhoeiro” was conducted over a three-year period, from 2010 to 2012. In 2010 there was no awareness campaign but sampling was done after Holy Friday. In 2011 and 2012 it was done both after and before Holy Friday. The average length and coverage percentage of individuals in rocks were recorded. The subsequent graphical analysis indicated that the average coverage percentage of mussels had been decreasing over the years. However a positive sign was recorded in after the 2012 awareness campaign, when the average length of individuals showed an increase. This could mean a reduction in harvesting during Holy Friday. Results suggest that awareness campaigns are effective measures in the immediate protection of marine resources, when supported by reinforcement in surveillance from fisheries protection authorities. For such improvements to persist, so must those efforts. Beachgoers in the summertime can have a detrimental impact on mussel bed size. Prohibiting recreational fishing will not suffice.