Resumo Este paper propõe abordar as relações de Finnegans Wake com a música, especialmente com a música erudita eletroacústica, a qual se desenvolveu a partir da década de 1940. Não obstante, a predileção de Joyce pela música erudita tradicional, aqui desenvolve-se a hipótese de que a escrita experimental do modernista irlandês, mais do que aplicar formas típicas da música, criou um tipo específico de musiscritura e antecipou procedimentos que os compositores só conseguiram alcançar com o uso de fitas magnéticas e sintetizadores. Assim, pelo uso sistemático de trocadilhos multirreferenciais, justapostos em dezenas de línguas e dialetos, Joyce colocou-se à frente da vanguarda musical de sua época, a qual chegou à síntese aditiva de densas camadas sonoras apenas algumas décadas depois das publicações iniciais de partes da Work in Progress, ainda na década de 1920.
Abstract This paper proposes to approach Finnegans Wake’s relations with music, especially with electroacoustic classical music, which developed from the 1940s onwards. Despite Joyce’s predilection for traditional classical music, here we hypothesize that the experimental writing of the Irish modernist, more than applying typical forms of music, created a specific type of musiscription and anticipated procedures that composers could only achieve with the use of magnetic tapes and synthesizers. Thus, by the systematic use of multi-referenced puns, juxtaposed in dozens of languages and dialects, Joyce placed himself ahead of the musical vanguard of his time, which reached the additive synthesis of dense sound layers just a few decades after the initial publications of parts of Work in Progress, still in the 20s.