Resumo: Introdução: O número de cursos de Medicina no Brasil e a quantidade de vagas ofertadas cresceram consideravelmente nos últimos anos. A partir de 2013, essa expansão tinha o objetivo de atingir sobretudo o interior do país. Objetivo: Considerando que existem diversos interesses em torno dessa expansão e que essa realidade influencia diretamente as políticas de educação e saúde do país, o objetivo deste estudo foi analisar a quantidade e a distribuição, em 2020, desses cursos e vagas nos municípios brasileiros. Método: Trata-se de estudo transversal com dados disponibilizados pelo Ministério da Educação e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As variáveis estudadas foram números de cursos, número de vagas e características dos municípios das escolas médicas, como tamanho da população, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e distância em relação à capital do respectivo estado. Resultados: Há 328 cursos em atividade que ofertam 35.480 vagas para ingressantes em Medicina. Ocorre diferença quando se analisam instituições públicas ou privadas e instituições gratuitas ou pagas. Há maior oferta de vagas em cursos pagos (74,1%) e em municípios de interior (69,8%). No interior, 27,8% das vagas são ofertadas por municípios distantes de um a 100 km da capital. A menor parte das vagas (7,9%) é ofertada em municípios de IDH médio, sendo o restante em municípios de IDH alto ou muito alto. O aumento do IDH está relacionado à maior proporção de cursos privados ofertando vagas de Medicina. Observou-se que não há correspondência entre o número absoluto de vagas e a população da Região Norte, o que ocorre nas demais regiões do país. Conclusões: A formação médica está sob várias influências, a exemplo das tendências econômicas e políticas. Essa discussão precisa levar em consideração a regionalização e a democratização do acesso. Observou-se tendência de as instituições públicas se destinarem a municípios mais distantes. Apesar de maior homogeneidade entre as regiões, a Região Sudeste ainda concentra quase metade das vagas. Além disso, o aumento do número de vagas em cursos privados evoca o questionamento sobre o perfil de estudantes que têm a oportunidade de acessar essa graduação.
Abstract: Introduction: The number of medical schools in Brazil, as well as the number of vacancies offered at these schools, has grown considerably in the last few years. Since 2013, this increasehas aimedat reaching especially the rural and underserved areas of the country. Objective: Considering that there are many different interests concerning this debate and that this reality directly influences the education and health policies of the country, the aim of this study was to evaluate the number and the distribution of the medical courses,as well as vacancies in these schools in 2020, presenting an updated overview of the Brazilian medical schools. Methods: This was a cross-sectional study, based on data gathered from the Brazilian Ministry ofEducation and Institute of Geography and Statistics (IBGE) website. The utilized variables were the number of courses, number of vacancies offered in each course, characteristics of the cities where the medical schools are located, such as population size, Human Development Index (HDI) and distance to the capital city of each state. Results: Among the institutions that have already initiated their activities, there are 328 active courses, offering 35.480 vacancies for Medical School applicants. There is a difference when analyzing public or private institutions and paid or tuition-free institutions. There is a greater offer of paid courses (74,1%) and of courses located in the countryside (69,8%). Among the courses in the countryside, 27,8% of the vacancies are offered within 100 km of the capital city. Only 7,9% of the annual vacancies are offered in cities with a medium HDI, and the remainder are offered in cities with high or very high HDI. The increase in HDI is related to the higher proportion of private courses offering medical vacancies. It was observed that there is no correspondence between the absolute number of vacancies and the population of the North region, differentfrom what occurs in the other regions of the country. Conclusions: Medical training is under many influences, such as economic and political trends. This discussion needs to consider the regionalization and democratization of access. It was observed that public institutions tend to be located in municipalities that are farther away from the capitals. Even though there is now greater homogeneity between the regions, the Southeast still concentrates almost half of the vacancies in medical courses. Also, the increase in the number of vacancies in private courses brings up the reflection about the socioeconomic profile of medical students who have the opportunity to gain access to this level of education.