Resumo Desde o século XIX os parques nacionais tornaram-se um importante instrumento de patrimonialização da natureza, produzindo uma visão utópica da relação homem-natureza e sentimentos de integração simbólica e territorial da sociedade nacional. Esse modelo, no entanto, passou a ser questionado por modos culturalmente diversos de apropriação material e simbólica da natureza. Confrontando as novas orientações socioambientais e de diversidade cultural nas políticas de patrimônio, o presente artigo descreve as formas de resistência e afirmação da paisagem do chamado Sertão Carioca frente ao mito moderno da natureza intocada, imposto pela criação do Parque Estadual da Pedra Branca, na cidade do Rio de Janeiro.
Abstract Since the XIXth century the national parks became an important instrument of natural heritage, producing an utopic vision of the man-nature relationship and feelings of symbolic and territorial integration of the national society. This model, however, began to be questioned by culturally diverse ways of material and symbolic uses of nature. Confronting the new socioenvironmental and cultural diversity guidelines in heritage policies, this article describes the forms of resistance and affirmation of the landscape of the so-called "Sertão Carioca" in the face of the modern myth of untouched nature imposed by the creation of the State Park of Pedra Branca, in the city of Rio de Janeiro.
Résumé Depuis le XIXème siècle, les parcs nationaux sont devenus un important instrument du patrimoine naturel, produisant une vision utopique de la relation homme-nature et des sentiments d'intégration symbolique et territoriale de la société nationale. Ce modèle, cependant, a été mis en question par des modes culturellement divers d'appropriation matérielle et symbolique de la nature. En confrontant les nouvelles orientations socio-environnementales et de diversité culturelle présentes dans les politiques du patrimoine, cet article décrit les formes de résistance et d'affirmation du paysage du "Sertão Carioca" en face du mythe moderne de la nature intacte imposé par la création du Parc de Pedra Branca, dans la ville de Rio de Janeiro.