Resumo Pacientes com câncer avançado, muitas vezes, deparam-se com um vazio de sentido, tanto por conta de movimentos externos, como o afastamento e falta de olhar da equipe, de amigos e familiares, quanto por dimensões subjetivas e singulares relacionadas à vivência da doença. Com isso, objetivou-se compreender quais os sentidos que os pacientes constroem para a vivência do adoecimento grave. Foi realizada uma pesquisa descritiva e exploratória, de cunho qualitativo, com 12 pacientes com câncer avançado, internados no serviço de Hematologia-Oncologia de um hospital-escola do interior do Rio Grande do Sul, com base em entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo. Verificou-se que os entrevistados buscaram construir um sentido para sua vivência, predominantemente por meio da religiosidade, que lhes ofereceu possibilidades de compreensão, suporte, conforto, sentimento de controle, entre outras construções de significação para a doença. Foi possível perceber que, por vezes, a religiosidade não se mostrou suporte suficiente para o trabalho de construção de significados para o adoecimento. Assim, pensa-se que a religiosidade é capaz de lhes trazer certas explicações e suportes diante do esvaziamento dos sentidos provocado pela doença, contudo, faz-se necessário que outras estratégias sejam construídas para auxiliar o paciente a lidar com as angústias frente à doença e à possibilidade de morte.
Abstract Patients with advanced cancer face, many times, emptiness of sense, due both to external movements, such as the distance and lack of attention of the health professionals, friends and family, and to subjective and singular dimensions related to the illness experience. Thus, this study aimed to comprehend what are the senses attributed by the patients to the experience of serious illness. Therefore, it was conducted a qualitative, descriptive and exploratory research, with twelve patients with advanced cancer, hospitalized in the division of Hematology-Oncology of an university hospital, in the state of Rio Grande do Sul. Data were collected through semistructured interviews and the analysis was based in the content analysis. It was found out that the participants tried to build a sense for their experience, mainly through religiosity, that would offer them possibilities of comprehension, support, comfort, sense of control, among other significations for the illness. However, it was shown that, sometimes, religiosity was not a sufficient support in the task of building meanings for the illness. Thus, it is assumed that religiosity is capable of bringing them some answers and support when facing the emptiness of senses caused by the illness; nevertheless, the development of other strategies is necessary in order to assist the patient while dealing with the distress in face of the illness and of the death possibility.
Resumen Los pacientes con cáncer avanzado, muchas veces, se deparan con un vacío de sentido, tanto por movimientos externos, como el alejamiento y la falta de atención del equipo, amigos y familiares, como por dimensiones subjetivas y singulares relacionadas a la vivencia de la enfermedad. Así, se buscó comprender los sentidos que los pacientes construyen para la vivencia de una enfermedad grave. Para tal fin, se utilizó una investigación descriptiva y exploratoria, de naturaleza cualitativa, realizada con doce pacientes con cáncer avanzado, internados en el servicio de Hematología-Oncología de un hospital-escuela del interior de Rio Grande do Sul. La recolección de datos se realizó con entrevistas semiestructuradas y el análisis a través del análisis de contenido. Se entendió que los entrevistados buscaron construir un sentido para la vivencia, predominantemente por medio de la religiosidad, lo que les ofreció posibilidades de comprensión, sustento, consuelo, sentimiento de control, entre otros. Además, fue posible percibir que, a veces, la religiosidad no se mostró suficiente como sustento para el trabajo de construcción de significados para la enfermedad. Así, se piensa que la religiosidad es capaz de traer ciertas explicaciones y soporte frente a la pérdida de los sentidos provocados por la enfermedad; sin embargo, es necesario que otras estrategias sean construidas para auxiliar al paciente a tratar con las angustias frente a la enfermedad y a la posibilidad de muerte.