Na segunda metade da década de 60, entre obras como Édipo Rei (1967) e Medeia (1969), Pasolini projetou realizar um filme-poema "sobre o Terceiro Mundo". Dessa "espécie de documentário, um ensaio", nas suas próprias palavras, foram preservados vários fragmentos em película. Entre eles estão as Notas para uma Oresteia africana (1968-69), uma tentativa de transposição da obra de Ésquilo na África moderna pós-colonial - e de chegar assim à projeção e deslocação da forma e do mito trágicos num espaço e num tempo extrâneos que lhe resistem por inerência. No contexto deste projeto, a ambição de Pasolini de ressuscitar e ressituar o coro grego antigo "nas suas situações reais, realísticas, quotidianas" da África do século XX mostra ser especialmente relevante não apenas para reavaliar a figura - essencialmente paradoxal - de um coro trágico moderno, mas também para reconsiderar a construção do espaço dramático, assim como o conceito de representação em geral.
During the second half of the 1960s, among such works as King Oedipus (1967) and Medea (1969), Pasolini planned to direct a film-poem "about the Third World". From this "sort of documentary, an essay", in his own words, several fragments have remained on film. Among them are the Notes towards an African Oresteia(1968-69), an effort to transpose Aeschylus' work onto post-colonial modern Africa - and therefore to arrive at the projection and displacement of tragic form and myth onto an extraneous space and time that intrinsically tend to resist it. In the context of this project, Pasolini's ambition to revive and relocate the ancient Greek chorus in several "real, realistic, daily situations" of 20th century Africa remains especially relevant not only to reassess the essentially paradoxical figure of a modern tragic chorus, but also to reconsider the construction of dramatic space as well as the concept of representation in general.
Pendant la deuxième moitié des années 60, parmi des oeuvres comme Oedipe-Roi (1967) et Médée (1969), Pasolini eut le projet de réaliser un film-poème "sur le tiers-monde". De cette "espèce de documentaire, un essai", dans ses propres mots, plusieurs fragments ont été préservés, parmi lesquels les Notes pour une Orestie africaine(1968-69), une tentative de transposition de l'oeuvre d'Eschyle dans l'Afrique moderne post-coloniale - et d'arriver ainsi à la projection et au déplacement de la forme et du mythe tragiques dans un espace et un temps étrangers qui lui résistent intrinsèquement. Dans ce contexte, l'ambition de Pasolini de faire revivre et de re-situer le choeur grec ancien dans les "situations réelles, réalistes, quotidiennes" de l'Afrique du XXème siècle s'avère être particulièrement importante non seulement pour considérer encore la figure - essentiellement paradoxale - d'un choeur tragique moderne, mais aussi pour repenser la construction de l'espace dramatique ainsi que le concept de représentation en général.