Resumo A ‘viagem filosófica’ de Alexandre Rodrigues Ferreira é, de longe, a mais intensa e profusamente estudada pela comunidade acadêmica portuguesa e brasileira. Este artigo pretende fazer um ponto de situação em relação à história das coleções e ao modo como este valioso patrimônio foi considerado ao longo do tempo; e destacar como, ainda hoje, continua a ser um espólio importante e válido para as mais diversas áreas científicas. Nesse sentido, proponho, em primeiro lugar, fazer um ponto de situação sobre a origem da coleção documental, considerando os textos e os registros visuais (desenhos, mapas, espécimes naturais, herbários, materiais tridimensionais) e os seus múltiplos destinos; seguidamente, procuro entender como se processou a disseminação deste espólio e de que forma é que a comunidade acadêmica e a sociedade puderam gradualmente aceder aos textos e à iconografia, nomeadamente através de publicações, exposições, plataformas digitais; e, finalmente, pretendo destacar a riqueza dum conjunto documental que continua a permitir leituras múltiplas e olhares renovados não apenas a historiadores, mas também a cientistas das mais diversas áreas. Conjuntamente, eles têm um papel notável na preservação e na disseminação dum patrimônio que, por tanto tempo, ficou oculto, quase esquecido.
Abstract Alexandre Rodrigues Ferreira's ‘philosophical voyage’ is by far the most intense and profusely studied voyage by the Portuguese and Brazilian academic community. This article intends to take stock in relation to the history of the collection and the ways in which this valuable heritage was considered over time; and to highlight how, even today, it remains an important and valid collection for the most diverse scientific areas. Therefore, I propose, firstly, to make a situation report on the origins of this collection, considering texts and visual records (drawings, maps, natural specimens, herbariums, three-dimensional materials) and their multiple destinations; then, to understand how this heritage was disseminated and how the academic community and the society were gradually able to access texts and iconography, namely through publications, exhibitions, digital platforms; and, finally, to highlight the richness of a documentary set that continues to allow multiple readings and renewed views not only for historians, but also for scientists from the most diverse areas. Together, they play a notable role in the preservation and dissemination of a heritage that, for so long, was hidden, almost forgotten.