Na floresta Ombrófila Densa do Parque Estadual de Carlos Botelho - PECB (ca. 37.000 ha) foi avaliada a composição, riqueza e distribuição geográfica das espécies vasculares nativas. A análise de 1143 espécies pertencentes a 140 famílias (sensu APG III) confirmaram o padrão encontrado para outras florestas do Leste do Brasil, com altas riquezas de Myrtaceae (85 espécies), Orchidaceae (81), Fabaceae (57), Asteraceae, Melastomataceae (54), Lauraceae (53), Rubiaceae (51), Bromeliaceae (43), Piperaceae (30) e Solanaceae (25), além de pteridófitas (123). Os gêneros mais ricos do Parque foram: Eugenia (34), Ocotea (26), Leandra, Myrcia, Vriesea (18), Piper (16), Solanum (15), Miconia (14), Mollinedia (13) e Peperomia (12). Houve grande variação na riqueza e composição de espécies entre hábitos, bem como no número de famílias representadas nos hábitos considerados (apenas Rubiaceae teve espécies em todos os hábitos, exceto parasitas). As árvores obtiveram a maior contribuição na riqueza total (39,1%), valor que representou mais de 20% das espécies de árvores citadas para toda a Floresta Atlântica do Sudeste do Brasil. Em seguida, foram os epífitos (22,4%), ervas (18,4%), arbustos (10,1%), lianas (9,1%) e parasitas (0,9%). De maneira geral, a riqueza e a composição por hábitos foram bastante similares ao encontrado nas demais florestas neotropicais (e.g. alta contribuição de pteridófitas ente os epífitos), apesar de alguns dos hábitos permanecerem subamostrados no PECB (principalmente ervas, lianas e epífitos). A ocorrência de espécies endêmicas da Floresta Atlântica foi elevada (65%), com predominância de espécies de ocorrência no Sul da Floresta Atlântica (43%). Espécies pantropicais foram raras (2%), sendo mais comuns entre as pteridófitas e entre as herbáceas. Myrtaceae e Melastomataceae foram as famílias com maior número e proporção de espécies endêmicas.
In the Montane and Submontane Rain Forest of the Carlos Botelho State Park - PECB (ca. 37,000 ha) the composition, richness and geographical distribution of native, vascular forest species was evaluated. The analysis of 1143 species of 140 families supported the pattern found for other forests of Eastern Brazil, showing high species richness of Myrtaceae (85 species), Orchidaceae (81), Fabaceae (57), Asteraceae, Melastomataceae (54), Lauraceae (53), Rubiaceae (51), Bromeliaceae (43), Piperaceae (30) and Solanaceae (25), besides ferns (123). The most species-rich genera were Eugenia (34), Ocotea (26), Leandra, Myrcia, Vriesea (18), Piper, Solanum (16), Miconia (14), Mollinedia (13), and Peperomia (12). The richness and composition varied greatly among life forms, as well as the number of families represented in each one of them (only Rubiaceae had species in all life forms, except parasites). Trees had the largest contribution of total richness (39.1%), a value that represented more than 20% of the species listed for the whole Atlantic Forest of Southeastern Brazil. Trees were followed by epiphytes (22.4%), herbs (18.4%), shrubs (10.1%), lianas (9.1%), and parasites (0.9%). The overall richness and composition of life forms was quite close to other neotropical forests (e.g. high contribution of ferns among epiphytes), although some life forms remain undersampled in the PECB (mainly herbs, lianas and epiphytes). The occurrence of species endemic to the Atlantic Forest was pronounced (65%), with a predominance of species restricted to the Southern Atlantic Forest (43%). Pantropical species were rare (2%), being more common among ferns. Myrtaceae and Melastomataceae were the families with greater number and proportion of endemic species.