OBJETIVOS: A avaliação precoce da disfunção renal usando marcadores usuais não supre uma indicação quer da sensitividade e da especificidade da disfunção renal de pacientes críticos. Seriam desejáveis marcadores mais específicos e sensíveis para a detecção precoce de um processo fisiopatológico renal em fase inicial. A proteína carreadora do retinol urinário poderia ser um método alternativo para avaliação precoce da função renal destes pacientes. MÉTODOS: O estudo acompanhou 100 pacientes em terapia intensiva e avaliou suas variáveis clinicas e laboratoriais, incluindo a dosagem de creatinina plasmática e proteina carreadora do retinol urinário e as variáveis demográficas. RESULTADOS: A amostra foi caracterizada por pacientes geriátricos (63,4±15,6 anos), homens (68%), sendo 53% cirúrgicos. Análise estatística mostrou associação entre creatinina plasmática e as seguintes variáveis: gênero (p=0,026), idade (p=0,038), uso de medicação vasoativa (p=0,003), proteinúria (p=0,025), escore Acute Physiological Chronic Health Evaluation (APACHE) II (p=0,000), uréia (p=0,000), potássio (p=0,003) clearance de creatinina estimado (p=0,000). A proteína carreadora do retinol urinário correlacionava-se com outras variáveis: peso usa de ventilação invasiva (p=0,000), uso de medicamentos antinfamatórios não-esteróides (p=0,018), uso de medicação vasoativa (p=0,021), temperatura alta (>37,5ºC) (p=0,005), proteinúria (p=0,000), bilirubinúria (p=0,004), fluxo urinário (p=0,019), pressão diastólica mínima (p=0,032), pressão sistólica mínima (p=0,029), APACHE II (p=0.000), creatinina (p=0,001), uréia (p=0,001) e clearance de creatinina estimado (p=0,000). A proteína carreadora do retinol urinário também tende a ser associada com doença renal anterior, vasculopatias e neoplasias. Na análise univariada, a fração de excreção de sódio se correlacionou com creatinina plasmática e proteina carreadora do retinol urinário. CONCLUSÃO: A proteina carreadora do retinol urinário, na prática clínica, pode ser considerada um marcador mais apropriado para o diagnóstico em pacientes com risco de desenvolver uma insuficiência renal aguda, quando comparada com outros marcadores usados rotineiramente. Ademais, a proteina carreadora do retinol urinário apresenta outros aspectos de um bom teste diagnóstico - é um método prático e não-invasivo.
OBJECTIVES: The early assessment of renal dysfunction using common markers does not provide either a sensitive or specific indication of renal dysfunction in critically ill patients. More specific and sensitive markers are desirable for the early detection of an initial renal pathophysiological process. Urinary retinol-binding protein could be an alternative method to early evaluation of renal function in these patients. METHODS: This study followed-up 100 critical care patients and assessed their clinical and laboratory variables, including plasma creatinine and urinary retinol-binding ratio, and demographic variables. RESULTS: The sample was characterized by geriatric (63.4±15.6 years), male (68%), being 53% surgical patients. Statistical analysis showed association between plasma creatinine and the following variables: gender (p-0.026), age (p-0.038), use of vasoactive drugs (p-0.003), proteinuria (p-0.025), Acute Physiological Chronic Health Evaluation (APACHE) II score (p-0.000), urea (p-0.000), potassium (p-0.003) and estimated creatinine clearance (p-0.000). Urinary retinol-binding protein was correlated with more variables: weight, use of invasive ventilation (p-0.000), use of nonsteroidal antiinflammatory drugs (p-0.018), use of vasoactive drugs (p-0.021), high temperature (>37.5ºC) (p-0.005), proteinuria (p-0.000), bilirubinuria (p-0.004), urinary flow (p-0.019), minimal diastolic pressure (p-0.032), minimal systolic pressure (p-0.029), APACHE II (p-0.000), creatinine (p-0.001), urea (p-0.001), estimated creatinine clearance (p-0.000). Urinary retinol-binding protein also tended to associate with previous renal disease, vasculopathy and neoplasm. Sodium excretion fraction correlated with plasma creatinine and urinary retinol-binding protein in univariate analysis. CONCLUSIONS: Urinary retinol-binding protein might be considered in clinical practice as a better marker regarding diagnostic performance in patients at risk of developing acute kidney injury, when compared with other markers routinely used. Moreover, urinary retinol-binding protein has other features of a good diagnostic test - it is a practical and non-invasive method.