Durante o período de 1990/94, foi realizado um trabalho na área experimental do Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria (RS), num Argissolo Vermelho distrófico arênico, para avaliar o potencial de algumas plantas de cobertura de solo no fornecimento de N ao milho no sistema plantio direto. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e quatro repetições. Nas parcelas principais, foram utilizadas, em cada inverno, as leguminosas ervilhaca comum (Vicia sativa L.), ervilha forrageira (Pisum sativum var. arvense (L.) Poir), chícharo (Lathyrus sativus L.) e tremoço azul (Lupinus angustifolius L.), a gramínea aveia preta (Avena strigosa Schieb.), além de um tratamento com pousio invernal (plantas invasoras). Nas subparcelas, foram aplicadas as doses de 0, 80 e 160 kg ha-1 de N no milho, na forma de uréia. Na média dos quatro anos, as duas espécies que produziram maior quantidade de matéria seca pela parte aérea foram o tremoço azul (5.228 kg ha-1) e a aveia preta (4.417 kg ha-1), seguidas do chícharo (3.047 kg ha-1), ervilha forrageira (2.754 kg ha-1), ervilhaca comum (2.527 kg ha-1) e plantas invasoras do pousio invernal (1.197 kg ha-1). Dentre as leguminosas, a espécie tremoço azul acumulou a maior quantidade de N na parte aérea (113,7 kg ha-1 de N). Os tratamentos que adicionaram menor quantidade de N ao solo pela fitomassa foram a aveia preta (41,7 kg ha-1 de N) e o pousio invernal (20,5 kg ha-1 de N). Aproximadamente, 60% do N acumulado na parte aérea das leguminosas foi liberado durante os primeiros 30 dias após o seu manejo. Na ausência de adubação nitrogenada, o rendimento de grãos de milho foi maior após as leguminosas do que após a aveia e o pousio invernal. As leguminosas diferiram entre si quanto ao potencial de fornecimento de N ao milho. Os maiores valores de equivalência em N mineral (EqN) foram obtidos com a ervilhaca (137 kg ha-1 de N) e com o tremoço (122 kg ha-1 de N), evidenciando a possibilidade de redução das quantidades de N mineral por aplicar no milho quando ele for cultivado em sucessão a estas duas leguminosas.
A field experiment was carried out from 1990 to 1994 in the experimental area of the Soil Department at the Federal University of Santa Maria, State of Rio Grande do Sul, Brazil, on an Hapludalf to evaluate the potential of some winter legumes as N suppliers to no-tillage corn. A completely randomized block design with split-plots was used, with the winter crops in the main plots and the N rates for corn in the split-plots. In the main plots, the legumes common vetch (Vicia sativa L.), field pea (Pisum sativum var. arvense (L.) Poir), wild winter pea (Lathyrus sativus L.) and blue lupine (Lupinus angustifolius L.) and the graminea black oat (Avena strigosa Schieb.) were implanted every winter. A treatment with fallow was used as a reference. The rates of N for corn were 0, 80 and 160 kg ha-1, applied as urea. On average for the four years, the two specie that produced the greatest amounts of dry matter were blue lupine (5,228 kg ha-1) and black oat (4,417 kg ha-1), followed by wild winter pea (3,047 kg ha-1), field pea (2,754 kg ha-1), common vetch (2,527 kg ha-1), and winter fallow (1,197 kg ha-1). Among the legumes, the blue lupine was the specie that accumulated the largest amount of N in the aerial part (113.7 kg ha-1 of N). The treatments that added the smallest amounts of N to the soil for the phytomass were black oat (41.7 kg ha-1 of N) and weeds under fallow conditions (20.5 kg ha-1 of N). Aproximately, 60% of the N accumulated by the above ground legume biomass was decomposed during the first 30 days after legume management. When N fertilization was not used, corn grain yield was greatest after legumes than after oat or winter fallow. The legumes differed in their potential as N suppliers to corn. The largest values of equivalent mineral N were obtained with common vetch (137 kg ha-1 of N) and blue lupine (122 kg ha-1 of N), evidencing the possibility of reduction of the amounts of mineral N to be applied to corn when cultivated in succession to these two legumes.