RESUMO Este artigo caracteriza uma pandemia como um tipo de contágio e descreve um contágio como um sistema de feedback reflexivo de dois níveis e duas direções. Nesse sistema, as opiniões de especialistas para gerenciar uma pandemia podem atuar como profecias autorrealizáveis devido à forma como influenciam a formação de crenças coletivas. No entanto, quando vários especialistas produzem várias opiniões de especialistas que atuam como profecias autorrealizáveis, isso pode fragmentar a resposta de uma sociedade a uma pandemia, piorando-a em vez de melhorá-la. Este artigo modela esse possível resultado distinguindo duas opiniões de especialistas concorrentes, apelando, respectivamente, para pessoas em situações de seguro de emprego/saúde do tipo bem comum e de pool comum, e argumenta que, para combater a fragmentação de opinião sobre como lidar com uma pandemia, as políticas de saúde pública precisam atender à natureza do raciocínio público. Argumenta que isso implica perguntar como as instituições deliberativas justas e legítimas podem funcionar de maneira “inclusiva e não coercitiva” que permita à sociedade reconciliar visões concorrentes sobre como combater crises em todo o sistema, como pandemias.
ABSTRACT This paper characterizes a pandemic as a kind of contagion, and describes a contagion as a two-level, two-direction, reflexive feedback loop system. In such a system, expert opinions for managing a pandemic can act as self-fulfilling prophecies due to how they influence collective belief formation. However, when multiple experts produce multiple expert opinions that act as self-fulfilling prophecies, this can fragment a society’s response to a pandemic, worsening rather than ameliorating it. This paper models this possible outcome by distinguishing two competing expert opinions, appealing respectively to people in club good and common pool types of employment/health insurance situations, and argues that to combat fragmentation of opinion about how to address a pandemic, public health policy needs to attend to the nature of public reasoning. It argues this entails asking how just and legitimate deliberative institutions can function in an ‘inclusive and noncoercive’ way that allows society to reconcile competing visions regarding how to combat system-wide crises such as pandemics.