RESUMO Babaçu, Attalea speciosa (Arecaceae) é uma palmeira ruderal nativa da Amazônia, dominante em terras frequentemente queimadas ao longo do “arco de desmatamento” e outras áreas degradadas, em casos extremos atingindo domínio completo. Este estudo investigou os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) como possível explicação do sucesso ecológico desta palmeira. Nós exploramos as relações entre o babaçu e glomerosporos, efeitos do babaçu na riqueza destes fungos e o potencial do inóculo micorrízico (PIM) na periferia oriental da Amazônia. Amostras de solo (0-20 cm) foram coletadas no início da estação chuvosa em uma área de floresta secundária (SEC) de cinco anos de idade e três níveis de dominância do babaçu (10, 50 e 70% de biomassa de babaçu) e a três distâncias (0; 2,5 e 4 m) de ‘ilhas’ de babaçu isoladas em uma pastagem degradada (PAS), ambas com cinco repetições por tratamento. A densidade de esporos de FMA variou de 100 a 302 por grama de solo, sendo 56% maior em SEC do que em PAS. Dezesseis espécies de FMA foram identificadas, com predominância de Acaulospora (seis espécies) seguidos do gênero Glomus (três espécies). A riqueza destes fungos aumentou com o domínio da palmeira em SEC e reduziu com a distância das ‘ilhas’ de babaçu em PAS. A taxa de colonização das raízes de babaçu foi superior nas áreas de SEC enquanto o PIM não apresentou diferenças entre os tratamentos. Nosso estudo aponta a uma forte associação micorrhízica da palmeira babaçu, um possível mecanismo central no seu sucesso ecológico em áreas degradadas.
ABSTRACT Babassu, Attalea speciosa (Arecaceae) is a ruderal palm native to Amazonia, which turned dominant in frequently burned lands throughout the ‘arc of deforestation’ and other degraded lands, in extreme cases attaining complete dominance. This study investigated arbuscular mycorrhizal fungi (AMF) as one possible explanation for the outstanding ecological success of this exceptional palm. We explored the relationships between the babassu palm and native arbuscular mycorrhizal fungi and babassu effects on the AMF richness and mycorrhizal inoculum potential (MIP) in the eastern periphery of Amazonia. For this purpose, we sampled topsoil (0-20 cm) at the onset of the rainy season from a 5-year-old secondary forest regrowth (SEC) area with three levels of babassu dominance (sites with 10, 50 and 70% babassu biomass shares), and at three distances (0, 2.5 and 4 m) from isolated babassu patches within a degraded pasture (PAS), both with five replications per treatment. Glomerospore density varied from 100 to 302 per gram of soil, 56% higher in SEC than PAS. We identified a total of 16 AMF species, with dominance of Acaulospora (six species) followed by Glomus (three species). AMF richness increased with babassu dominance in SEC sites, and reduced with distance from babassu patches within the PAS. The colonization rate of babassu roots was higher in SEC than in PAS, whereas MIP was similar in both areas and without treatment differences. Our study points to strong mycorrhizal association of the babassu palm as a potential mechanism for its outstanding ecological success in degraded lands.