A Vasodilatação Mediada por Fluxo (VMF) da artéria braquial, por meio da ultrassonografia, é um método de avaliação da função endotelial que pode oferecer informações fisiopatológicas, diagnósticas e prognósticas. A realização dessa revisão sistemática objetivou avaliar o nível de evidência na literatura a respeito da capacidade preditora da função endotelial, medida pela VMF da artéria braquial, por meio da ultrassonografia, quanto a eventos cardiovasculares, em indivíduos portadores de aterosclerose. Foram realizadas buscas nas bases de dados MEDLINE, SCIELO e LILACS e selecionados estudos de coorte prospectivos, em seres humanos, que analisaram o valor prognóstico da função endotelial medida pela VMF da artéria braquial, em populações portadoras de doença aterosclerótica, periférica ou coronariana. Trabalhos com evidentes vieses metodológicos foram excluídos. A seleção final constituiu-se de 15 estudos. Dos 13 estudos que, na análise univariada, mostraram significância estatística do método da VMF na predição de eventos cardiovasculares, 12 deles demonstraram sua capacidade preditora independente, em análise multivariada. Em nenhum dos trabalhos foi descrito valor prognóstico incremental em relação a modelos preditores tradicionais, como escore de Framingham. Resultados de três trabalhos sugerem que o método agrega valor prognóstico a marcadores isolados como: Índice Tornozelo-Braquial (ITB), diabetes e Proteína C Reativa (PCR) de alta sensibilidade. Em conclusão, a VMF da artéria braquial prediz risco cardiovascular, porém não é estabelecido seu valor preditor incremental a modelos prognósticos clínicos, não havendo, até o momento, evidências sólidas que amparem seu uso na rotina clínica para predição de risco cardiovascular.
Analysis of flow-mediated vasodilation (FMV) of the brachial artery by use of ultrasound allows assessing endothelial function, and provides pathophysiological, diagnostic and prognostic information. This systematic review was aimed at assessing the literature level of evidence of the predictive capacity of endothelial function, measured through brachial artery FMV by use of ultrasound, regarding cardiovascular events in individuals with atherosclerosis. The MEDLINE, SCIELO and LILACS databases were searched, and prospective cohort studies on human beings about the prognostic value of endothelial function, measured by use of brachial artery FMV in individuals with peripheral or coronary atherosclerosis, were selected. Studies with clear methodological biases were excluded. The final selection consisted of 15 studies. Of the 13 studies that on univariate analysis showed statistical significance of the FMV method to predict cardiovascular events, 12 showed independent predictive capacity on multivariate analysis. None of the studies reviewed described the incremental predictive value of FMV to the traditional predictive models, such as the Framingham score. Results of three studies have suggested that the method adds prognostic value to isolated markers such as ankle-brachial index (ABI), diabetes, and high-sensitivity C-reactive protein (hsCRP). In conclusion, brachial artery FMV predicts cardiovascular risk, but its incremental predictive value to clinical prognostic models has not been established. In addition, solid evidence supporting its use in routine clinical practice to predict cardiovascular risk still lacks.