As espécies selvagens de amendoim apresentam frutos completamente diferentes dos frutos do amendoim cultivado (Arachis hypogaea L.). Nesta espécie os frutos têm duas a cinco sementes justapostas dentro de uma única loja; externamente são observadas constrições na casca do fruto as quais em alguns casos se acentuam não chegando, entretanto, a produzir unia separação entre as sementes. Nas espécies selvagens os frutos apresentam duas sementes apenas, completamente separadas uma da outra por uma constrição muito profunda ou mesmo por um istmo de comprimento variável. Para êsses frutos foi adotada a denominação de "frutos catenados" e o estudo de seu desenvolvimento foi feito nas espécies Arachis monticola Krapovickas et Rigoni e A. villosa Benth. var. correntina Burk. O ovário, unilocular, tem normalmente dois óvulos. A futura separação das duas sementes se origina num tecido intercalar que se forma em ovários ainda jovens e que separa em duas a cavidade inicial única. Êste tecido tem a estrutura de um "peg" e, como êle, desidrata-se durante o processo de amadurecimento do fruto, tomando-se sêco e quebradiço; por essa razão, ao colhêr os frutos, a maioria dêles se apresenta unisseminado. Em 50% dos casos os óvulos se desenvolvem igualmente, conduzindo à formação de frutos com duas sementes. Quando os dois óvulos não se desenvolvem ao mesmo tempo, é mais freqüente o colapso do óvulo apical, cujo crescimento é paralisado cm diversos estados de desenvolvimento; isto conduz à formação de frutos com apenas uma semente ou com uma semente abortada. Além dessas duas, as seguintes espécies apresentam frutos catenados: Arachis Diogoi Hoehne f. typica Hoehne, A. glabrata Benth., A. pusilla Benth., A. marginata Gardn. (segundo Burkart), A. prostrata Benth. (segundo Burkart), e mais três espécies ainda não identificadas, mas que constam da coleção da Seção de Citologia como V. 44, V. 82 e V. 85. A V. 44 deve sera espécie A. villosulicarpa Hohene (segundo Krapovickas) (¹) e a V. 85 é, provávelmente o A. Diogoi Hoehne subspétie major Hoehne. A ocorrência de dois óvulos por ovário e de frutos catenados em tôdas as espécies selvagens que foram examinadas torna possível concluir que o mesmo processo descrito para Arachis monticola e A. villosa var. correntina explica a formação dos frutos catenados nas espécies selvagens que os possuem.
Observations made on the fruit development of wild species of peanut, Arachis monticola and A. villosa var. correntina, received from Argentina, are described in this paper. The ovary is uniloculaled and has two ovules. Fertilization is normal, the embryo and endosperm developing in the same way as in the cultivated peanut, Arachis hypogaea L. In more than 50% of cases both ovules develop normally, nevertheless abortion of the apical ovule is frequent and may occur in any phase of its development. In the firs case the fruits have two normal seeds; in the second, they have only one, the other being small and shrivelled. Fruits of the two species possess the two seeds separated by a sharp constriction or isthmus; this isthmus is anatomically a peg; it is dry in the ripe fruit and may be easily broken when the fruits are picked at harvest, giving then the erroneous impression that these are one-seeded. Burkart (2,3) and Hoehne (6) described a similar type of fruit for the species Arachis villosa Benth. and A. pusilla Benth.; fruits of the same type were also found by Gregory (1,8) in A. glabrata Benth. and A. hypogaea L. In addition to A. monticola and A. villosa var. correntina the writer found catenate fruits on specimens from a collection of wild species, as follows; A. Diogoi Hoehne f. typica Hoehne, A. glabrata Benth., A. pusilla Benth., A. marginata Gardn. (according to Burkart), A. prostrata Benth. (according to Burkart), A. villosulicarpa (according to Krapovickas), Arachis sp. (probably Arachis Diogoi Hoehne sub-species major Hoehne), and Arachis sp. (one unclassified species). Based on the facts that all these species have one uniloculated ovary with two ovules and the same type of catenate fruit, it seems reasonable to assume that fruit development in these wild peanuts is similar to that of Arachis monticola and A. villosa var. correntina as described in this paper.