INTRODUÇÃO: A elevação da creatinoquinase-MB (CK-MB) em pacientes submetidos a intervenção coronária percutânea (ICP) tem mostrado estar associada à ocorrência de eventos clínicos desfavoráveis no acompanhamento a longo prazo, incluindo morte de causa cardíaca. O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre o aumento de CK-MB e a ocorrência de eventos cardíacos adversos em um ano, em pacientes submetidos a ICP eletiva em um hospital de referência terciário. MÉTODO: Estudo de coorte prospectivo, em que foram avaliados 114 pacientes consecutivos, submetidos a ICP com intervenção em um único vaso. Os níveis de CK-MB foram rotineiramente obtidos pré-procedimento, 6 e 24 horas pós-procedimento. Os pacientes foram reavaliados por meio de entrevistas, revisão de prontuários e realização de eletrocardiograma aos 6 e 12 meses para análise de eventos cardíacos adversos (óbito, infarto agudo do miocárdio, necessidade de nova revascularização miocárdica ou isquemia recorrente) RESULTADOS: Os pacientes foram divididos em dois grupos, de acordo com a ocorrência ou não de elevação enzimática. Dos 19 (16,7%) pacientes com elevação de CK-MB, 11 (57,9%) apresentaram eventos cardíacos adversos maiores ao final de 6 meses versus 21 (22,1%) pacientes sem elevação enzimática (p = 0,004). Aos 12 meses, observamos que esse grupo continuou a mostrar maior número de eventos, embora sem diferença estatística até o nível de significância usual de 5% (63,2% vs. 37,9%; p = 0,075). Análise multivariada identificou a elevação da CK-MB como preditor independente de eventos cardíacos adversos aos 6 meses (odds ratio [OR], 4,34; intervalo de confiança de 95% [IC 95%], 1,88-10,03; p < 0,001), mas não aos 12 meses (OR, 1,77; IC 95%, 0,773-4,055; p = 0,182). CONCLUSÃO: A elevação de CK-MB após angioplastia coronária está associada a maior ocorrência de eventos cardíacos adversos, particularmente nos 6 primeiros meses de acompanhamento.
BACKGROUND: CK-MB elevation after successful percutaneous coronary intervention (PCI) has been associated with an increased risk of adverse clinical events at the long-term follow-up, including death due to cardiac causes. Our objective was to analyze the association between CK-MB elevation and the occurrence of cardiac adverse events at 1-year in patients submitted to elective PCI in a tertiary referral hospital. METHODS: A prospective cohort with 114 consecutive patients, submitted to successful PCI of a single native coronary artery, were analyzed. CK and CK-MB levels were routinely obtained pre-procedure, and 6 and 24 hours post-procedure. Patients were reassessed with follow-up visits and the electrocardiogram was repeated at 6 and 12 months to analyze the incidence of adverse cardiac events (death, Q-wave acute myocardial infarction [AMI], target-vessel revascularization or recurrent ischemia). RESULTS: The patients were divided into two groups according to enzymatic results. Of the 19 (16.7%) patients with CKMB elevation, 11 (57.9%) had an adverse cardiac event at the end of 6 months compared to 21 (22.1%) patients without enzymatic elevation (p = 0.004). At 12 months a trend toward fewer cardiac events was observed in patients with CK-MB elevation, however, not reaching statistical significance for an α = 5% (63.2% vs. 37.9%; p = 0.075). Multivariate analysis showed that CK-MB elevation as an independent predictor of adverse cardiac events at 6 months (odds ratio [OR], 4.34; 95% confidence interval [95% CI], 1.88-10.03; p < 0.001) but not at 12 months (OR, 1.77; 95% CI, 0.773-4.055; p = 0.182). CONCLUSIONS: CK-MB elevation after PCI is associated with increased risk of adverse cardiac events, mainly during the first six-month follow-up.