O estudo objetivou: estudar a prevalência de potencial tardio, em portadores de cardiopatia chagásica crônica, e sua relação com taquicardia ventricular sustentada. Foram estudados pelo eletrocardiograma de alta resolução 192 pacientes com Cardiopatia Chagásica Crônica, sendo 96 (50%) do sexo masculino. A idade variou entre 17 e 75 anos (média de 42,93). De acordo com presença ou ausência de bloqueio de ramo e taquicardia ventricular sustentada foram constituídos 4 grupos. Admitiu-se a presença de potencial tardio, com filtro de 40 Hz, nos grupos sem bloqueio de ramo, quando a duração do QRS filtrado ≥ 110 ms, duração do sinal abaixo de 40 µV ≥ 35ms e voltagem da raiz quadrada dos últimos 40ms (VM 40) ≤ 20 µV. Nos grupos com Bloqueio de ramo considerou-se o VM40 ≤ 14 µV como indicativo de potencial tardio. RESULTADOS: nos grupos sem bloqueio de ramo o potencial tardio esteve presente em 21(78%) dos pacientes com taquicardia ventricular sustentada e em 22(31%) dos sem taquicardia ventricular sustentada (p<0,001), com sensibilidade (S) 78%, especificidade (E) 70% e acurácia (Ac) 77%. O potencial tardio esteve presente em 30 (48%) dos pacientes sem taquicardia ventricular sustentada e em 20 (67%) com taquicardia ventricular sustentada nos grupos com bloqueio de ramo (p=0,066) com S, 66%, E, 52% e Ac, 57%. No seguimento, 12 (21%) pacientes apresentaram recorrência de taquicardia ventricular sustentada: 91,6% destes pacientes tinham potencial tardio. Ocorreram quatro óbitos sem relação com eventos arrítmicos, todos pertencentes ao grupo com bloqueio de ramo e sem taquicardia ventricular sustentada, e com potencial tardio ausente. CONCLUSÕES: Potencial tardio ocorreu em 77,7% dos pacientes com taquicardia ventricular sustentada e sem bloqueio de ramo. Na ausência de bloqueio de ramo o eletrocardiograma de alta resolução diferenciou pacientes com e sem taquicardia ventricular sustentada. Nos grupos sem bloqueio de ramo observou-se S=78% , E=70% e Ac= 72%. Nos grupos com bloqueio de ramo, em 66,6% dos casos, houve associação entre potencial tardio e taquicardia ventricular sustentada. A recorrência de taquicardia ventricular sustentada esteve presente em 21% dos casos e destes 91,6% tinham potencial tardio.
The aim of the study was to register the prevalence of late potentials (LP) in patients with chronic Chagas' heart disease (CCD) and the relationship with sustained ventricular tachycardia (SVT). 192 patients (96 males), mean age 42.9 years, with CCD were studied through a Signal Averaged ECG using time domain analysis. According to presence or absence of bundle branch block (BBB) and SVT, four groups of patients were created: Group I (n = 72): without SVT (VT-) and without BBB (BBB-): Group II (n = 27): with SVT (VT+) and BBB-; Group III (n = 63): VT- and with BBB (BBB+); and Group IV (N = 30): VT+ and BBB+. The LP was admitted, with 40 Hz filter, in the groups without BBB using standard criteria of the method. In the group with BBB, the root-mean-square amplitude of the last 40 ms (RMS) < =14µV was considered as an indicator of LP. RESULTS: In groups I and II, LP was present in 21 (78%) of the patients with SVT and in 22 (31%) of the patients without SVT (p < 0.001), with Sensitivity (S) 78%; Specificity (SP) 70% and Accuracy (Ac) 72%. LP was present in 30 (48%) of the patients without and 20 (67%) of the patients with SVT, in groups III and IV. p = 0.066, with S = 66%; SP = 52%; and Ac = 57%. In the follow-up, there were 4 deaths unrelated to arrhythmic events, all of them did not have LP. Eight (29,6%) of the patients from group II and 4 (13%) from group IV presented recurrence of SVT and 91,6% of these patients had LP. CONCLUSIONS: LP occurred in 77.7% of the patients with SVT and without BBB. In the groups with BBB, there was association of LP with SVT in 66,6% of the cases. The recurrence of SVT was present in 21% of the cases from which 91,6% had LP.