Dentre os objetivos dos programas de melhoramento da soja no Brasil, está o desenvolvimento de estratégias para obtenção de cultivares adaptadas às regiões de baixas latitudes, visando a ampliação da área cultivada e o aumento da produção. Sementes de nove cultivares brasileiras de soja adaptadas a estas condições foram investigadas em relação à sua composição proximal e conteúdos de aminoácidos e proteínas tóxicas e/ou antinutricionais. Os conteúdos de proteína (394,5 ± 13,1 a 445,3 ± 8,0 g kg-1 matéria seca) e óleo (200,6 ± 1,2 a 232,3 ± 4,7 g kg-1 matéria seca) mostraram baixa correlação (r = -0,06). Os conteúdos de carboidratos totais (141,7 ± 6,1 a 211,1 ± 15,0 g kg-1 matéria seca) e cinzas (48,2 ± 4,2 a 52,2 ± 0,5 g kg-1 matéria seca) foram similares aos dados disponíveis para outras cultivares de soja. As cultivares estudadas apresentaram baixos teores de triptofano e aminoácidos sulfurados e ampla variação nos conteúdos de lectina (1.152 a 147.456 HU kg-1 farinha), inibidores de tripsina (34,45 ± 2,28 a 77,62 ± 2,63 g tripsina inibida kg-1 farinha), toxina (6.210 ± 134 a 34.650 ± 110 DL50 kg-1 farinha) e urease (0,74 ± 0,02 a 1,22 ± 0,10 g kg-1 farinha). Comparados com outras cultivares de soja, os conteúdos de urease verificados foram superiores, a toxicidade aguda observada foi inferior e os conteúdos de lectina e inibidores de tripsina foram semelhantes aos resultados disponíveis na literatura. De um modo geral, as cultivares estudadas mostraram composição bioquímica similar àquela verificada para genótipos desenvolvidos em outras regiões geográficas. A relevância desses achados para as propriedades agronômicas e a seleção de cultivares de soja para a alimentação de seres humanos e animais são discutidas.
Among the goals of the Brazilian soybean improvement programmes, the breeding strategies for cultivars adapted to low latitudes have been included to extend crop areas and to increase production. Seeds of nine Brazilian soybean cultivars adapted to low latitudes were investigated regarding to their composition, and amino acid and antinutritional/toxic protein contents. Protein (394.5 ± 13.1 to 445.3 ± 8.0 g kg-1 dry matter) and oil (200.6 ± 1.2 to 232.3 ± 4.7 g kg-1 dry matter) contents showed low correlation to each other (r = -0.06). The total carbohydrate (141.7 ± 6.1 to 211.1 ± 15.0 g kg-1 dry matter) and ash contents (48.2 ± 4.2 to 52.2 ± 0.5 g kg-1 dry matter) were similar to data available for other soybean cultivars. All soybean cultivars presented low levels of tryptophan and sulphur amino acids. The lectin (1,152 to 147,456 HU kg-1 flour), trypsin inhibitor (34.45 ± 2.28 to 77.62 ± 2.63 g trypsin inhibited kg-1 flour), toxin (6,210 ± 134 to 34,650 ± 110 LD50 kg-1 flour) and urease (0.74 ± 0.02 to 1.22 ± 0.10 g kg¹ flour) presented variations in their contents amongst the cultivars. Compared to other soybean cultivars, urease was higher, the acute toxicity lower and the lectin and trypsin inhibitor contents similar to data available. In general, soybean cultivars showed similar biochemical composition to those developed in different geographic regions. The relevance of these findings to the agronomic features and to choice of soybean cultivars to be used as food or feed is discussed.