Resumo A proposta deste ensaio teórico é revisitar, de modo didático e não exaustivo, as principais ideias de Enrique Dussel e sua Filosofia da Libertação, passando pelos principais conceitos e pelas categorias elaboradas pelo autor. A base positiva dessa filosofia nos desafia a romper com o silêncio das vozes dos oprimidos, dos explorados ou das vítimas, que não foram considerados agentes relevantes na construção da sociedade moderna (mulheres, índios, escravos, sertanejos etc.). A Filosofia da Libertação se baseia nos conceitos de totalidade, exterioridade, alienação, mediação, proximidade e libertação. A totalidade, fundamentada pela pretensão conquistadora dos colonizadores, dá-se a partir de uma dimensão ontológica que revela a verdade como aquela decorrente dos que se julgam superiores por sua dominação tecnológica ou econômica. Esse discurso resultou na exterioridade daqueles que não integram originalmente esse público, excluindo-os do sistema e atribuindo a eles a alienação, que é a negação do seu status de sujeito. Afirmamos a colonização da Administração quando substituímos a consciência crítica da Administração pela leitura da mídia popular de negócios, pela retórica das consultorias e pela crença de um livre mercado em que, naturalmente, não haverá recursos para todos, mas apenas para aqueles que prosperarem em um cenário de incertezas. A teoria clássica da economia naturaliza a competição e a exterioridade, entretanto, podemos nos organizar para atender às necessidades populares de modo mais inclusivo, democrático e respeitando os limites da natureza. A proximidade e a libertação são a chave do pensamento teórico para a superação dessa visão.
Abstract The purpose of this theoretical essay is to revisit, in a didactic and non-exhaustive way, the main ideas of Enrique Dussel and his Philosophy of Liberation, exploring the main concepts and categories elaborated by the author. The positive basis of this philosophy puts the challenge of breaking with the silence of the voices of the oppressed, exploited or victims who were not considered relevant agents in the construction of modern society (women, indigenous population, slaves, peasants, etc.). The Philosophy of Liberation is based on the concepts of Totality, Exteriority, Alienation, Mediation, Proximity and Liberation. Totality, based on the conquering pretension of the colonizers, is obtained from an ontological dimension that reveals truth as what stems from those who consider themselves superior by their technological or economic domination. This discourse resulted in the exteriority of those who do not originally integrate this public, excluding them from the system and attributing to them the alienation, which is the denial of their subject status. We confirm the colonization of the Administration when we substitute critical consciousness of the administration for the reading of popular business media, for rhetoric of the consultants and for the belief of a free market where, naturally, there are resources only for those who are to prosper in a scenario of uncertainties. The classic theory of economy makes the competition and the exteriority natural, however, we can organize ourselves to meet popular needs in a more inclusive, democratic way, respecting the limits of the environment. Proximity and liberation are a fundamental thought for overcoming such vision.
Resumen La propuesta de este ensayo teórico es revisar, de manera didáctica y no exhaustiva, las principales ideas de Enrique Dussel y su filosofía de la liberación, pasando por los principales conceptos y categorías elaborados por el autor. La base positiva de esta filosofía nos desafía a romper con el silencio de las voces de los oprimidos, de los explotados o de las víctimas que no fueron considerados agentes relevantes en la construcción de la sociedad moderna (mujeres, indios, esclavos, campesinos, etc.). La filosofía de la liberación se basa en los conceptos de totalidad, exterioridad, alienación, mediación, proximidad y liberación. La totalidad, fundamentada por la pretensión conquistadora de los colonizadores, se da a partir de una dimensión ontológica que revela la verdad como la que deriva de aquellos que se juzgan superiores por su dominio tecnológico o económico. Este discurso resultó en la exterioridad de aquellos que no integran originalmente ese público, excluyéndolos del sistema y atribuyéndoles la alienación, que es la negación de su status de sujeto. Afirmamos la colonización de la Administración cuando sustituimos la conciencia crítica de la administración por la lectura de medios populares de negocios, por la retórica de las consultorías y por la creencia de un libre mercado en el que, naturalmente, no habrá recursos para todos, sino solo para aquellos que prosperen en un escenario de incertidumbres. La teoría clásica de la economía naturaliza la competencia y la exterioridad, sin embargo, podemos organizarnos para atender a las necesidades populares de manera más inclusiva, democrática y respetando los límites de la naturaleza. La proximidad y la liberación son la clave del pensamiento teórico para la superación de esa visión.