Os adolescentes são referenciados como um grupo de risco de suicídio, no Plano Nacional de Prevenção do Suicídio (DGS, 2013), pelo que importa estudar a sua vulnerabilidade psicológica para os atos suicidas. O presente estudo teve como principal objetivo estudar a relação dos fatores psicológicos de risco e de proteção com a ideação suicida. A amostra foi constituída por 344 adolescentes, com idades compreendidas entre os 14 e os 19 anos (M = 16,97; DP = 1,11), dos quais 144 eram do sexo masculino e 200 do sexo feminino. Os participantes preencheram os seguintes instrumentos: Questionário de dados pessoais; Inventário de razões para viver para adolescentes; Escala de desesperança de Beck; Inventário de acontecimentos de vida negativos; Escala de autoestima de Rosenberg; Escala de satisfação com o suporte social e Questionário de ideação suicida. Os resultados caracterizam o contributo diferencial de fatores de risco (acontecimentos de vida negativos e desesperança) e de proteção (razões para viver, autoestima e satisfação com o suporte social), os quais, em conjunto, explicam cerca de 40% da ideação suicida. Verificou-se ainda que os níveis de ideação suicida são diretamente influenciados pelos acontecimentos de vida negativos, coexistindo com uma influência mediada por fatores psicológicos. Como conclusão do estudo, destaca-se a importância de implementar estratégias de prevenção para mitigar o efeito dos fatores psicológicos de risco e de promover os fatores protetores identificados, sobretudo junto de adolescentes vítimas de acontecimentos negativos.
Adolescents are considered a risk group for suicide, according to the National Plan for Prevention of Suicide (DGS, 2013). Therefore, it is important to investigate their psychological vulnerability to suicidal acts. The main goal of the present study was to assess the relationship between psychological risk and protective factors and suicidal ideation. The sample comprised 344 adolescents (aged 14-19, M = 16,97, SD = 1,11, 200 women), which were tested on the following tests: personal data questionnaire; Reasons for living inventory for adolescents; Beck hopelessness scale; Inventory of negative life events; Rosenberg self-esteem scale; Scale of satisfaction with social support; and Suicidal ideation questionnaire. The results reveal the differential contribution of risk factors (negative life events and hopelessness) and protective factors (reasons for living, self-esteem and satisfaction with social support), which together explain around 40% of the suicidal ideation. The results also reveal that the level of suicidal ideation is directly influenced by negative life events, co-existing with an influence mediated by psychological factors. In conclusion, it is important to implement prevention strategies that reduce the effect of psychological risk factors and that promote the identified protective factors, especially in those adolescents who have experienced negative life events.