Resumo A partir da relação entre um fenômeno de possessões, denominado crise, e o cristianismo presente nas populações indígenas do baixo rio Oiapoque (região amazônica na fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa), o artigo pretende mostrar que, para entender eventos como este, é preciso sair das polaridades, como as que opõem cristianismo a xamanismo e os correlacionam, respectivamente, a mudança e continuidade. A proposta aqui é a de que os fenômenos sociais não são objetos com contornos nitidamente definidos, sendo ao mesmo tempo coisas corporais, metafísicas e afetivas. A significação desses fenômenos se dá nos processos de transformação ativados em (e na) relação, pelas conexões que se estabelecem e pelas conexões que carregam, de relações precedentes, os elementos em conexão. Para o tema que nos ocupará, esta proposta está plasmada na noção de língua franca do suprassensível.
Abstract Focusing on the relationship between a phenomenon of possession (known as crisis) and Christianity present in the indigenous populations of the lower Oiapoque River (in the Amazon region on the border between Brazil and French Guiana), this article shows that to understand events like this one must go beyond polarities, such as those that set Christianity in opposition to shamanism and which correlate them, respectively, to change and continuity. I propose that social phenomena are not objects with clearly defined outlines; they are at once corporeal, metaphysical, and affective things. The signification of these phenomena emerges in processes of transformation activated in (and by) relations, by the connections that are established and by the connections that carry, from previous relationships, the elements in connection. This proposal is shaped by the notion of lingua franca of the suprasensible.
Resumen A partir de la relación entre un fenómeno de posesiones, denominado crisis, y el cristianismo presente en poblaciones indígenas del bajo río Oiapoque (región amazónica en la frontera entre Brasil y la Guayana Francesa), este artículo pretende mostrar que, para comprender eventos como éste, es necesario salir de las polaridades, como las que oponen cristianismo a chamanismo y las correlacionan con cambio y continuidad, respectivamente. La propuesta aquí es que los fenómenos sociales no son objetos con contornos nítidamente definidos, sino que son al mismo tiempo cosas corporales, metafísicas y afectivas. La significación de esos fenómenos tiene lugar en los procesos de transformación activados en (y en la) relación, por las conexiones que se establecen y por las conexiones que conllevan elementos en conexión, de relaciones precedentes. Para el tema que nos ocupará, esta propuesta está basada en la noción de lengua franca de lo suprasensible.