O artigo estima a magnitude da coerção sexual entre jovens, moradores de três grandes centros urbanos brasileiros. Além de avaliar a prevalência, analisa as características de vítimas e perpetradores, identifica as principais estratégias de coerção utilizadas e explora os cenários sociais que favoreceram a ocorrência da violência sexual. Trata-se de parte dos resultados de um inquérito domiciliar realizado em Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador, concluído em 2002 Pesquisa GRAVAD. Foram realizadas entrevistas em uma amostra estratificada de homens e mulheres entre 18 e 24 anos, totalizando 4.634 respondentes (47,2% homens e 52,8% mulheres). A prevalência de coerção sexual ao longo da trajetória de vida foi estimada em 16,5% para as mulheres e 11,1% para os homens. A idade da vítima e do perpetrador no primeiro episódio, o tipo de relacionamento entre esses, e as formas de constrangimento utilizadas variaram entre rapazes e moças. A grande magnitude do evento, suas diferenças entre homens e mulheres e as maiores prevalências em certos subgrupos populacionais impõem a elaboração imediata de políticas e estratégias de ação específicas para a prevenção do problema.
The article estimates the magnitude of sexual coercion among young adults in three large Brazilian cities. In addition to evaluating prevalence, the article analyzes the victim's and perpetrator's characteristics, identifies the main strategies used in coercion, and explores the social scenarios that favor the occurrence of sexual violence. The article draws on data from a household survey called the GRAVAD Project, conducted in Porto Alegre, Rio de Janeiro, and Salvador and completed in 2002. Interviews were applied to a stratified sample of males and females aged 18-24 years, with 4,634 respondents (47.2% males and 52.8% females). Prevalence of some lifetime experience as victims of sexual coercion was estimated at 16.5% for women and 11.1% for men. Victim's and perpetrator's age in the first episode, the type of relationship between them, and the forms of pressure varied between males and females. The magnitude of such events, differences between men and women, and the higher prevalence rates in certain population sub-groups demand immediate preventive policies and strategies.