OBJETIVO: Avaliar a frequência do diagnóstico tardio de sarcoidose no Brasil e os fatores relacionados a esse atraso. MÉTODOS: Avaliamos pacientes com diagnóstico de sarcoidose confirmado por biópsia utilizando um questionário que abordava o tempo entre o início dos sintomas e a data da primeira consulta médica; e o número e especialidades dos médicos consultados. Sintomas sistêmicos e pulmonares, envolvimento extratorácico, dados espirométricos, estadiamento radiológico, escolaridade, renda individual e diagnóstico/tratamento de tuberculose foram comparados entre os pacientes com diagnóstico precoce (< 6 meses até o diagnóstico) e tardio (≥ 6 meses). RESULTADOS: Foram incluídos 100 pacientes. A mediana do número de médicos consultados foi 3 (variação: 1-14). O diagnóstico de sarcoidose foi feito na primeira consulta em 11 casos. Um clínico geral foi inicialmente consultado em 54 casos. O diagnóstico de sarcoidose foi precoce em 41 casos e tardio em 59. Não houve diferença entre os grupos no tocante ao gênero, raça, tipo de seguro saúde, escolaridade, renda, sintomas sistêmicos e respiratórios, envolvimento extratorácico e estadiamento radiológico. Os pacientes com diagnóstico tardio apresentavam menor CVF (80,3 ± 20,4% vs. 90,5 ± 17,1%; p = 0,010) e VEF1 (77,3 ± 19,9% vs. 86,4 ± 19,5%; p = 0,024), além de mais frequentemente receberem diagnóstico de tuberculose (24% vs. 7%; p = 0,032) e tratamento para tuberculose (≥ 3 meses; 20% vs. 0%; p = 0,002). CONCLUSÕES: O diagnóstico de sarcoidose é tardio em muitos casos, mesmo quando há achados de imagem sugestivos. O diagnóstico tardio está associado a menor função pulmonar na época do diagnóstico. Vários pacientes com sarcoidose recebem diagnóstico e tratamento de tuberculose.
OBJECTIVE: To determine the frequency of and the factors related to delayed diagnosis of sarcoidosis in Brazil. METHODS: We evaluated patients with a biopsy-proven diagnosis of sarcoidosis, using a questionnaire that addressed the following: time since symptom onset and since the first medical visit; and the number and specialty of the physicians visited. We divided the patients by the timeliness of the diagnosis-timely (< 6 months) and delayed (≥ 6 months)-comparing the two groups in terms of systemic and pulmonary symptoms; extrathoracic involvement; spirometric data; radiological staging; level of education; income; and tuberculosis (diagnosis and treatment). RESULTS: We evaluated 100 patients. The median number of physicians consulted was 3 (range, 1-14). In 11 cases, sarcoidosis was diagnosed at the first visit. In 54, the first physician seen was a general practitioner. The diagnosis of sarcoidosis was timely in 41 patients and delayed in 59. The groups did not differ in terms of gender; race; type of health insurance; level of education; income; respiratory/systemic symptoms; extrathoracic involvement; and radiological staging. In the delayed diagnosis group, FVC was lower (80.3 ± 20.4% vs. 90.5 ± 17.1%; p = 0.010), as was FEV1 (77.3 ± 19.9% vs. 86.4 ± 19.5%; p = 0.024), misdiagnosis with and treatment for tuberculosis (≥ 3 months) also being more common (24% vs. 7%, p = 0.032, and 20% vs. 0%; p = 0.002, respectively). CONCLUSIONS: The diagnosis of sarcoidosis is often delayed, even when the imaging is suggestive of sarcoidosis. Delayed diagnosis is associated with impaired lung function at the time of diagnosis. Many sarcoidosis patients are misdiagnosed with and treated for tuberculosis.