INTRODUÇÃO: A endocardite é uma doença de tratamento difícil e que freqüentemente necessita da participação cirúrgica. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Entre janeiro de 1987 e janeiro de 1999, 159 pacientes foram operados em nosso Serviço, sendo 64,7% do sexo masculino. Este grupo apresentou idade média de 39,2 anos (2 a 78 anos), com peso médio de 57,1 kg. O acometimento valvar aórtico foi o mais freqüente (66 pacientes), sendo na valva nativa em 47 casos e em próteses em 19 (8 metálicas e 11 biológicas): a lesão mitral verificou-se em 53 pacientes, sendo mais comum em portadores de prótese (28 biológicas e 2 metálicas). O comprometimento das duas valvas esteve presente em 28 casos. Os demais pacientes eram portadores de defeitos congênitos ou de marcapasso definitivo. A operação foi indicada por refratariedade ao tratamento clínico, insuficiência cardíaca, quadro infeccioso levando a disfunção valvar ou de prótese, vazamento periprotético, ou ainda por arritmia. RESULTADOS: O estudo microbiológico evidenciou maior prevalência de infecção por Streptococcus viridans e Staphilococcus aureus. A operação realizada nos portadores de endocardite infecciosa em valva nativa propiciou a conservação da valva em 3 pacientes do grupo mitral e em 1 do grupo aórtico; nos demais pacientes empregaram-se próteses (a maioria metálica em aórticos e biológica em mitrais). As reoperações foram freqüentes, tendo pacientes com até quarta operação. A lesão congênita responsável pela maioria dos casos foi a comunicação interventricular (3 casos) e 4 pacientes apresentavam a endocardite em eletrodo de marcapasso. A mortalidade global foi de 16,3%, com maior incidência em portadores de prótese mitral e aórtica submetidos a reoperação. A presença de abscesso como complicação da endocardite infecciosa verificou-se em 18,2% dos pacientes, utilizando-se pericárdio bovino na reconstrução da maioria, com mortalidade de 17,2%. CONCLUSÃO: Concluímos que o tratamento cirúrgico da endocardite infecciosa representa um desafio para o cirurgião, apesar de todo o progresso adicionado ao arsenal diagnóstico e terapêutico desta patologia.
BACKGROUND: Infective endocarditis is a disease of difficult and multidisciplinar treatment that frequently needs the surgical participation. MATERIAL AND METHODS: Between January 1987 and January 1999, 159 patients were operated on in our Service for infective endocarditis. Male group represented 64.7%. The mean age was 39.2 yr. (2 to 78 yr.) and the mean weight 57.1 kg. The aortic valve was affected most frequently (66 patients), the native valve was affected in 47 cases and the prostheses in 19 (11 bioprostheses and 8 mechanic valves). The mitral valve was affected in 53 patients, most commonly in prostheses (28 bioprostheses and 2 mechanical). Aortic and mitral valves were together affected in 28 cases. The other patients had congenital defects or definitive pacemaker. Surgical treatment was indicated in cases of heart failure, refractory to medical treatment, valvar or prosthesis dysfunction secondary to infection, leak or arrhythmia. RESULTS: Cultures revealed that Streptococcus viridans and Staphilococcus aureus were the most prevalent microorganisms. Valve repair was possible in 3 patients of mitral group and one of aortic group. For the others, prostheses were used (mechanical for aortic valve and bioprostetic for mitral valve in the majority of the cases). Reoperation was frequent. Ventricular septal defect was the most common congenital pathology (3 cases) and 4 patients presented infective endocarditis in pacemaker wire. The global mortality was 16.3%. Abscess as a complication was presented in 18.2% of the patients. We used bovine pericardium for reconstruction with a surgical mortality of 17.2%. CONCLUSION: We concluded that the treatment for infective endocarditis represents a surgical challenge, in spite of the progress added to the diagnostic and therapeutic armamentarium of this pathology.