OBJETIVO: O artigo analisa a participação do gasto privado com saúde das famílias no PIB e no total da renda familiar per capita e a distribuição do gasto privado com saúde das famílias por classes de renda. MÉTODOS: A pesquisa utilizou os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 1998, com a divisão da população em quatro classes de renda familiar per capita e a distribuição dos gastos em planos de saúde, consultas médicas, consultas com outros profissionais de saúde, exames, medicamentos, artigos ortopédicos e aparelhos médicos, óculos e lentes, odontologia, hospitais, enfermagem domiciliar e outros gastos com saúde. RESULTADOS: Apenas 7,2% da população com renda familiar per capita até 1 salário mínimo em 1998 tinha direito a algum plano de saúde, e o gasto privado com saúde das famílias desta classe, que representava 52,5% da população, era em média de R$ 5,36 por pessoa. Para as pessoas com renda familiar per capita acima de 9 salários mínimos, os planos de saúde atingiam 83,2% da população e o gasto privado com saúde das famílias R$ 133,04. CONCLUSÕES: A implantação do Sistema Único de Saúde foi acompanhada pelo crescimento expressivo dos planos de saúde nos anos 90. Mesmo se todo o gasto público com saúde fosse destinado à população sem planos de saúde, ainda assim o gasto destas pessoas em 1998 só alcançaria R$ 352,62, ou seja, 43% do gasto com saúde das pessoas com planos, R$ 819,08.
BACKGROUND: This paper analyses the share of the family private health expenditures in the Brazilian GDP and in personal income; and the distribution of the family private health expenditures among social groups. METHODS: The research utilized the 1998 Brazilian Home Sample Survey (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilios) with the division of the population into four social groups according to the family income per capita; and the distribution of the family private health expenditures among health insurance, physicians, other health professionals, medical tests, drugs, orthopedic and other medical durables, vision products, dental services, hospital care, nursing home care and other health spending. RESULTS: In 1998, only 7.2% of the population with family income per capita up to 1 minimum wage had health insurance and the health expenditures of this group, that represented 52.5% of the population, was US$ 4.62 per capita. For the people with 9 and more minimum wages per capita the health insurance coverage was 83.2% and the health expenditures was US$ 114.66 per capita. CONCLUSIONS: The implementation of the Brazilian public universal health care system in 1988 denominated "Sistema Unico de Saude" was followed by an expressive expansion of private insurance coverage in the 1990's. Even if all public health expenditures had been exclusively directed to the population without any private insurance, these people's health expenditures would only reach 43% of the health expenditures of those with private insurance.