O artigo pretende oferecer uma contribuição teórico-metodológica para o debate sobre o neoliberalismo autoritário, a partir da perspectiva das margens, mais especificamente, do movimento pentecostal. Ao traçar uma genealogia da expansão do pentecostalismo durante as três décadas da Nova República, o texto argumenta que algumas dimensões presentes na virada autoritária brasileira foram gestadas nas agências pentecostais, como o diagrama da guerra, a recusa da humilhação, o dispositivo anti-autoridade e a gramática do empreendedorismo. Toma-se como tese central que o pentecostalismo e o bolsonarismo podem ser descritos como uma revolta dos “bastardos”. Das margens ao Estado, pretende-se analisar como uma contestação dos indivíduos periféricos que ocupam posições “ambíguas” dentro do campo religioso tem uma conexão com uma insurreição conservadora, que visa alcançar posições institucionais nos poderes legislativo, executivo e judiciário, a partir de sujeitos que ocupavam posições heterodoxas em vários campos de atuação, como o jurídico, o político, o militar, o acadêmico.
The article intends to offer a theoretical-methodological contribution to the debate on authoritarian neoliberalism, from the perspective of the margins, more specifically, of the Pentecostal movement. By tracing a genealogy of the expansion of Pentecostalism during the three decades of the New Republic, the text argues that some dimensions present in the Brazilian authoritarian turn were gestated in Pentecostal agencies, such as the war diagram, the refusal of humiliation, the anti-authority device and the grammar of entrepreneurship. The central thesis is that Pentecostalism and “Bolsonarismo” can be described as a revolt of the “bastards”. From the margins to the State, it is intended to analyze how a contestation of peripheral subjects who occupy “ambiguous” positions within the religious field has a connection with a conservative insurrection, which aims to reach institutional positions in the legislative, executive and judiciary powers, from subjects that occupied heterodox positions in various fields of action, such as legal, political, military, academic.
L’article entend offrir une contribution théorique et méthodologique au débat sur le néolibéralisme autoritaire, du point de vue des marges, plus spécifiquement, du movement pentecôtiste. En retraçant une généalogie de l’expansion du pentecôtisme au cours des trois décennies de la Nouvelle République, le texte soutient que certaines dimensions trouvées dans le tournant autoritaire brésilien ont été en gestation dans les agences pentecôtistes, telles que le diagramme de guerre, le refus de l’humiliation, le dispositif anti-autorité et la grammaire de l’entrepreneuriat. La thèse centrale est que le pentecôtisme et le “bolsonarismo” peuvent être décrits comme une révolte des “Bâtards”. Depuis les marges de l’État, il s’agit d’analyser comment une contestation d’individus périphériques qui occupent des positions “ambiguës” dans le champ religieux s’articule avec une insurrection conservatrice, qui veut atteindre des positions institutionnelles dans les pouvoirs législatif, exécutif et judiciaire, de sujets qui occupaient despositions hétérodoxes dans divers domaines d’action, tels que juridique, politique, militaire, universitaire.