Resumo Fundamento: A revascularização cirúrgica do miocárdio é o melhor tratamento para o paciente dialítico com doença coronariana multiarterial. Contudo, o procedimento ainda apresenta elevada morbimortalidade. O uso da circulação extracorpórea (CEC) pode impactar de maneira negativa na evolução intra-hospitalar desses pacientes. Objetivos: Avaliar a diferença entre as técnicas com ou sem CEC na evolução intra-hospitalar de pacientes dialíticos submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio. Métodos: Estudo unicêntrico de 102 pacientes dialíticos consecutivos e não selecionados, submetidos à revascularização cirúrgica do miocárdio em um hospital terciário universitário no período de 2007 a 2014. Resultados: 63 pacientes foram operados com CEC e 39 sem o uso de CEC. Foi observada alta prevalência de fatores de risco cardiovascular em ambos grupos, porém sem diferença estatisticamente significante entre eles. O grupo "com CEC" apresentou maior número de coronárias revascularizadas (2,4 vs 1,7; p <0,0001), maior necessidade de hemocomponentes (77,7% vs 25,6%; p <0,0001) e apoio inotrópico (82,5% vs 35,8%; p <0,0001). Na evolução pós-operatória, o grupo "sem CEC" apresentou menor necessidade de drogas vasoativas (61,5% vs 82,5%; p = 0,0340), maior taxa de extubação em sala cirúrgica (58,9% vs 23,8%, p = 0,0006), menor tempo de ventilação mecânica (13,0 horas vs 36,3 horas, p = 0,0217), menor taxa de infecções (7,6% vs 28,5%; p = 0,0120) e menor tempo de internação em UTI (5,2 dias vs 8,1 dias; p = 0,0054) em comparação ao grupo "com CEC". Não houve diferença de mortalidade entre os grupos. Conclusão: O uso da CEC na revascularização do miocárdio em pacientes dialíticos resultou em maior morbidade no período perioperatório em comparação ao procedimento realizado sem CEC, contudo, sem diferença de mortalidade.
Abstract Background: Myocardial revascularization surgery is the best treatment for dyalitic patients with multivessel coronary disease. However, the procedure still has high morbidity and mortality. The use of extracorporeal circulation (ECC) can have a negative impact on the in-hospital outcomes of these patients. Objectives: To evaluate the differences between the techniques with ECC and without ECC during the in-hospital course of dialytic patients who underwent surgical myocardial revascularization. Methods: Unicentric study on 102 consecutive, unselected dialytic patients, who underwent myocardial revascularization surgery in a tertiary university hospital from 2007 to 2014. Results: Sixty-three patients underwent surgery with ECC and 39 without ECC. A high prevalence of cardiovascular risk factors was found in both groups, without statistically significant difference between them. The group "without ECC" had greater number of revascularizations (2.4 vs. 1.7; p <0.0001) and increased need for blood components (77.7% vs. 25.6%; p <0.0001) and inotropic support (82.5% vs 35.8%; p <0.0001). In the postoperative course, the group "without ECC" required less vasoactive drugs, (61.5% vs. 82.5%; p = 0.0340) and shorter time of mechanical ventilation (13.0 hours vs. 36,3 hours, p = 0.0217), had higher extubation rates in the operating room (58.9% vs. 23.8%, p = 0.0006), lower infection rates (7.6% vs. 28.5%; p = 0.0120), and shorter ICU stay (5.2 days vs. 8.1 days; p = 0.0054) as compared with the group with ECC surgery. No difference in mortality was found between the groups. Conclusion: Myocardial revascularization with ECC in patients on dialysis resulted in higher morbidity in the perioperative period in comparison with the procedure without ECC, with no difference in mortality though.