No dia 31 de maio de 1946, desembarcou no porto do Rio de Janeiro um jovem engenheiro francês chamado Pierre Henri Lucie, vindo de uma Europa arrasada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Após um início modesto como caminhoneiro e montador de rádios, foi descoberto por outros compatriotas que o convidaram para lecionar matemática e física em colégios e cursos preparatórios para vestibular. Nos primeiros anos de docência Pierre começou a destacar-se, desenvolvendo uma didática e um amor pelo magistério que ainda hoje são difíceis de encontrar. Participou de muitos projetos e propostas para a melhoria do ensino de física, em especial, Física com Martins e Eu, seu livro didático para o ensino médio, escrito no final de 1969 e inicio de 1970. O livro nasceu de uma brincadeira com o cartunista Henrique de Souza Filho (Henfil), o gibi da física. Este trabalho é uma singela homenagem a memória desse importante educador no ano do centenário de seu nascimento, também uma oportunidade para analisar seu livro. Física com Martins e Eu surpreende por sua postura de vanguarda. Muitos critérios exigidos hoje em dia pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e por outras legislações para o ensino médio aparecem em suas páginas. O livro é recheado pelo gênero textual história em quadrinhos, além de um texto muito bem escrito que busca um diálogo constante com o leitor, convidando-o a reflexão e a experimentação.
On May 31, 1946, a young French engineer named Pierre Henri Lucie landed in the port of Rio de Janeiro from a war-torn Europe in search of a better life. After a modest start as a truck driver and assembler of radios, he was discovered by other compatriots who invited him to teach mathematics and physics in colleges and preparatory courses for college entrance exams. In the first years of teaching Pierre began to excel, developing a didactic and a love for teaching that are still difficult to find today. He participated in many projects and proposals for the improvement of physics teaching, especially Physics with Martins and Me, his textbook for high school, written in late 1969 and early 1970. The book was born of a joke with the cartoonist Henrique de Souza Filho (Henfil), the comic book of physics. This work is a simple tribute to the memory of this important educator in the centenary year of his birth, also an opportunity to analyze his book. Physics with Martins and Me surprises by its avant-garde stance. Many criteria demanded today by the National Textbook Program (PNLD) and other legislations for high school appear on its pages. The book is filled with textual genre comics, as well as a very well written text that seeks a constant dialogue with the reader, inviting him to reflection and experimentation.