RESUMO Objetivo: Estimar o consumo de informações relacionadas com doença do novo coronavírus e seus efeitos em profissionais do setor da saúde durante a pandemia. Métodos: Um questionário on-line foi distribuído para funcionários de uma instituição de saúde em São Paulo, Brasil, entre 3 e 10 de abril de 2020. Os dados foram analisados com estatísticas descritivas. Resultados: Foram incluídos nas análises 2.646 participantes. A maioria (44,4%) reportou ter acessado uma quantidade excessiva ou próxima de excessiva sobre o novo coronavírus, e 67,6% reportaram ter aumentado seu tempo médio em mídias sociais. Quando perguntados se era fácil determinar o que era informação confiável, 43,2% responderam “às vezes”, comparados com 14,6% que responderam “sempre”. Sobre os possíveis sinais de sobrecarga de informação associada com a pandemia, 31% sempre ou quase todos os dias se sentiram estressados com a quantidade de informações que tinham que acompanhar. Entre os respondentes, 80,0% reportaram sentir pelo menos um sintoma como dor de cabeça, espasmos oculares, inquietação ou dificuldade para dormir. Participantes com um estilo mais negativo de lidar com muitas informações também reportaram maior proporção de sintomas que os participantes com estilo positivo. De forma semelhante, participantes que aumentaram seu acesso a mídias sociais reportaram maior proporção de sintomas do que os que diminuíram seu acesso durante a pandemia. Conclusão: Nossa pesquisa fornece uma descrição de como os indivíduos consomem informações relacionadas com a doença do novo coronavirus durante a pandemia e sugere que a exposição a uma quantidade excessiva de informações e as elevadas demandas podem impor sofrimento psicológico e afetar a saúde mental.
ABSTRACT Objective: To estimate coronavirus disease 2019-related information consumption and related implications for health care professionals (medical and nonmedical personnel) during the pandemic. Methods: A cross-sectional on-line survey was distributed to employees of a major health care institution located in São Paulo, Brazil between April 3 and April 10, 2020. Data were analyzed using descriptive statistics. Results: The sample comprised 2,646 respondents. Most participants (44.4%) reported excessive or almost excessive access to information about the novel coronavirus and 67.6% reported having increased their average time spent on social media. When asked how frequently they consider it was easy to determine the reliability of information, “sometimes” corresponded to 43.2% of the answers in contrast to 14.6% responding “always”. Answers related to potential signs of information overload associated with the pandemic indicated that 31% of respondents felt stressed by the amount of information they had to keep up with almost every day or always. Overall, 80.0% of respondents reported having experienced at least one of the following symptoms: headache, eye twitching, restlessness or sleeping difficulty. The frequency of symptoms was higher among participants with a more negative information processing style regarding when dealing with large volumes of information relative to those with a positive information processing style. Likewise, symptoms were more frequently reported by participants who had increased their social media access relative to those reporting reduced access during the pandemic. Conclusion: Our survey provides a description of how health professionals consume COVID-19 related information during the pandemic, and suggests that excessive information exposure and high processing demands may impose psychological distress and affect mental health.