RESUMO OBJETIVO Investigar a associação entre a exposição às áreas verdes no entorno da residência e a presença de transtornos mentais comuns entre adultos, segundo diferentes estratos de renda. MÉTODOS Estudo seccional com 2.584 participantes do Estudo Pró-Saúde (2006), residentes na cidade do Rio de Janeiro. Os transtornos mentais comuns foram aferidos por meio do General Health Questionnaire (GHQ-12) e a exposição às áreas verdes pelo índice de vegetação por diferença normalizada, em buffers com raios entre 100 e 1.500 metros em torno da residência. Foram utilizados o índice de vegetação por diferença normalizada médio e máximo categorizado em quartis. A população do estudo foi dividida em três subgrupos, de acordo com a renda: baixa, intermediária e alta. Foram estimadas razões de chances e seus intervalos de 95% de confiança com modelos de regressão logística. Os modelos foram ajustados por sexo e idade, com e sem inclusão da prática de atividade física. RESULTADOS A proporção de transtornos mentais comuns foi de 30% e 39% entre homens e mulheres, respectivamente. Os resultados dos modelos ajustados mostraram associação inversa entre a presença de áreas verdes no entorno do domicílio e a ocorrência de transtornos mentais comuns, no buffer de 200 metros no grupo de renda intermediária e nos buffers de 400 e 1.500 metros no grupo de baixa renda. A razão de chances variou de 0,52 (buffer de 1.500 metros) a 0,68 (buffer de 200 metros). A associação encontrada foi independente da prática de atividade física. CONCLUSÕES As evidências encontradas sugerem a existência de um efeito benéfico de áreas verdes urbanas na saúde mental dos indivíduos de renda mais baixa. Tais achados podem ajudar na compreensão de como o meio ambiente urbano pode afetar a saúde mental da população.
ABSTRACT OBJECTIVE To investigate the association between exposure to green areas in the surroundings of the residence and the presence of common mental disorders among adults, according to different income strata. METHODS Cross-sectional study with 2,584 participants from the Pró-Saúde Study (2006), residing in the city of Rio de Janeiro. Common Mental Disorders were measured using the General Health Questionnaire (GHQ-12) and exposure to green areas was measured using the normalized difference vegetation index, in buffers with radiuses between 100 and 1,500 meters around the residence. We used the mean and maximum normalized difference vegetation index categorized into quartiles. The study population was divided into three subgroups, according to the income: low, intermediate, and high. Odds ratios and their 95% confidence intervals were estimated with logistic regression models. The models were adjusted by sex and age, with and without inclusion of physical activity practice. RESULTS The proportion of common mental disorders was 30% and 39% among men and women, respectively. The results of the adjusted models showed an inverse association between the presence of green areas in the surroundings of the residence and the occurrence of common mental disorders, in the buffer of 200 meters in the intermediate-income group and in the buffers of 400 and 1,500 meters in the low-income group. The odds ratio ranged from 0.52 (buffer of 1,500 meters) to 0.68 (buffer of 200 meters). The association found was independent of physical activity practice. CONCLUSIONS The evidence found suggests the existence of a beneficial effect of urban green areas on the mental health of lower-income individuals. These findings can help in understanding how the urban environment can affect the mental health of the population.