Resumo A sucessão ecológica depende da chuva de sementes. Embora a simples chegada de sementes não garanta o estabelecimento, conhecer a chuva de sementes é o primeiro passo para avaliar o processo sucessional em sítios sob restauração florestal. Por essa razão, foi amostrada a chuva de sementes em reflorestamento e em remanescente de floresta estacional semidecidual no sul do Brasil, a fim de descrever o processo. Em cada área, 18 armadilhas de sementes (1 m2) foram alocadas e visitadas, mensalmente, por dois anos. Todas as sementes amostradas foram identificadas, contadas e classificadas quanto à forma de vida, grupo ecológico e síndrome de dispersão. O remanescente florestal apresentou maior riqueza de espécies e abundância de propágulos que o reflorestamento. A composição de espécies também diferiu entre as áreas. A chuva de sementes, de ambas as áreas, apresentou maior proporção de árvores e de espécies intolerantes à sombra. Várias espécies não plantadas no reflorestamento, possivelmente dispersadas a partir do remanescente florestal, foram registradas no sítio em restauração. A análise dos resultados sugere que a chuva de semente não é um impedimento ao processo sucessional no reflorestamento. Entretanto, o sítio deve ser monitorado por mais tempo a fim de avaliar o estabelecimento, e não somente a chegada de sementes de espécies sucessionais tardias.
Abstract Ecological succession depends on the seed rain. While the simple arrival of seeds is not assurance of establishment, knowing the seed rain is the first approach to assessing the succession process in sites undergoing forest restoration. For this reason, we sampled the seed rain in a restoration site and in an adjacent seasonal semi-deciduous forest remnant in southern Brazil, in order to describe the process. In each area, 18 seed traps (1 m2) were allocated and visited monthly for two years. All seeds trapped were identified, counted and classified by life form, ecological group and dispersal syndrome. The forest remnant presented higher species richness and abundance of propagules than the restoration site. The composition of species also differed between areas. The seed rain of both areas presented a higher proportion of tree and shade-intolerant species. Several non-planted species, possibly dispersed from forest remnant, were recorded in the restoration site. Analysis of the results suggests that the seed rain is not a constraint to succession in the restoration site. However, the site should be monitored in the long term to assess the establishment, and not only the arrival of seeds of late successional species.