Resumo Esse artigo tem por objetivo refletir sobre as possibilidades de contribuição da Psicologia a ações de enfrentamento a práticas violentas, e junto às lutas transversais travadas pelos grupos com os quais trabalhamos. Para tanto, partimos do conceito de lutas transversais de Michel Foucault, entendidas como lutas antiautoritárias e democratizantes que têm por alvo os mecanismos de dominação, exploração e submissão. Entendemos que os saberes psis, ao se colocarem a serviço das lutas transversais, podem servir como ferramentas de análise e enfrentamento a estes mecanismos. Nesse sentido, trazemos duas experiências de pesquisa e extensão realizadas em territórios que se encontravam em meio a processos de remoção, um deles na Comunidade Indiana, no bairro Tijuca, no Rio de Janeiro e o outro na Grande Cruzeiro, em Porto Alegre. Tais análises assumem o caráter de denúncia das violências decorrentes de gestões estatais, dando visibilidade às formas de submissão que operam pela produção do que chamaremos de uma “subjetividade culpada” e pela inscrição das populações alvo das remoções no lugar de não cidadãos, de sujeitos de um não direito. Buscaremos, ainda, evidenciar as articulações entre essas ferramentas de produção de subjetividade e as problemáticas materiais, decorrentes das desigualdades de acesso à moradia e à cidade. Por fim, afirmamos o caráter de resistência presente na compreensão de subjetividade como processo em constante construção e nas possibilidades de produzirmos rupturas nas práticas que encerram determinados modos de habitar e viver nas cidades como mais ou menos legítimos.
Abstract This article aims to reflect on the possibilities of contribution of Psychology to actions to confront violent practices, and the transversal struggles waged by the groups with which we work. To do so, we start from the concept of transverse struggles of Michel Foucault, understood as anti-authoritarian and democratizing struggles that aim at the mechanisms of domination, exploitation and submission. We understand that psis knowledge, when placed in the service of the transversal struggles waged by the groups with which we work, can serve as tools of analysis and coping with these mechanisms. In this sense, in this article, we bring two research and extension experiments carried out in territories that were in the midst of removal processes, one in the Indiana Community, in the Tijuca neighborhood in Rio de Janeiro, and the other in the region of Grande Cruzeiro in Porto Alegre. Such analyses assume the character of denunciation of the violence arising from state management, promoted through the removal processes of Indiana and part of the Grande Cruzeiro, giving visibility to the forms of submission that operate through the production of what we will call a “guilty subjectivity” and by the inscription of the target populations of the removals in the place of non-citizens, of subjects of a non-right, of illegitimate inhabitants of the city. We will also seek, with our analyses, to highlight the articulations between these tools of production of subjectivity and the concrete material problems arising from the inequalities of access to housing and the city. Finally, we affirm the character of resistance present in the understanding of subjectivity as a process in constant construction and in the possibilities of producing ruptures in practices that contain certain ways of living in cities as more or less legitimate.
Resumen Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre las posibilidades de la contribución de la Psicología para hacer frente a las prácticas violentas, y junto con las luchas transversales que libran los grupos con los que trabajamos. Con este fin, partimos del concepto de luchas transversales de Michel Foucault, entendido como luchas antiautoritarias y democratizadoras que apuntan a los mecanismos de dominación, explotación y sumisión. Entendemos que el conocimiento psis, al ponerse al servicio de las luchas transversales, puede servir como herramienta para el análisis y para hacer frente a estos mecanismos. En este sentido, traemos dos experiencias de investigación y extensión llevadas a cabo en territorios que se encontraban en medio de procesos de remoción, una en la Comunidad de Indiana, en el barrio de Tijuca, en Río de Janeiro y la otra en Grande Cruzeiro, en Porto Alegre. Dichos análisis asumen el carácter de denunciar la violencia resultante de la gestión estatal, dando visibilidad a las formas de sumisión que operan produciendo lo que llamaremos una “subjetividad culpable” y por la inscripción de las poblaciones objetivo de los retiros en el lugar de los no ciudadanos, de sujetos de un no derecho. También buscaremos resaltar las articulaciones entre estas herramientas de producción de subjetividad y los problemas materiales que surgen de las desigualdades en el acceso a la vivienda y la ciudad. Finalmente, afirmamos el carácter de resistencia presente en la comprensión de la subjetividad como un proceso en constante construcción y en las posibilidades de producir rupturas en las prácticas que incluyen ciertas formas de vivir y vivir en ciudades como más o menos legítimas.