Resumo Desenvolve-se aqui uma reflexão em torno das ideias de ciberativismo e de vigilância cívica através das denominadas “redes sociais”. Parte-se de uma análise comparativa entre o funcionamento de duas dessas redes, o Facebook e o 4chan, salientando-se como as plataformas tecnológicas condicionam e modelam o tipo de interações que aí ocorrem. Os coletivos sociotécnicos que interagem através dessas redes são dinâmicos e performativos, pelo que, no processo comunicacional que aí decorre, há vários conceitos que vão sendo redefinidos e reconstruídos. Assim, discutem-se também as noções de público e privado, pessoal e político, ativismo e resistência, verdade e pós-verdade. Analisam-se ainda diferentes estratégias de ação possíveis nesses novos espaços, nomeadamente o anonimato ou a personalização, que representam formas diferentes de lidar com a vigilância cívica, abrindo também lugar ao debate entre a liberdade de expressão e o politicamente correto.
Abstract This article presents a reflection on the ideas of cyberactivism and civic surveillance on the so-called social networks. From a comparative analysis of the functioning of Facebook and 4chan, the article shows how these technological platforms limit and model interaction between sociotechnical collectives, whose dynamic and performative nature helps to redefine and rebuild various concepts. For this reason, the notions of public and private, personal and political, activism and resistance, truth and post-truth are discussed herein. Various possible action strategies in these new spaces are also discussed, namely anonymity and personalization, which represent different forms of dealing with civic surveillance, opening the debate between freedom of speech and political correctness.