O Recueil de pièces publicado por Bayle em 1684 tem sido objeto da atenção dos historiadores do cartesianismo : nós propomos aqui o estudo do paratexto bayliano (« Nota ao leitor, escolha e apresentação dos textos »), revelador de uma estratégia de controvérsia histórica e literária produtora do essencial de sua potência.

Le Recueil de pièces publié par Bayle en 1684 a retenu l'attention des historiens du cartésianisme : nous nous attachons ici à l'étude du paratexte baylien (avis au lecteur, choix et présentation des textes), qui est révélateur d'une stratégie de controverse tirant de la critique historique et littéraire l'essentiel de sa puissance.

Uma abordagem lexográfica do amor próprio nos escritos de Pascal: carta (1651) sobre a morte de seu pai, frag. La 978 e nove ocorrências nos Pensamentos. A partir dos diferentes "amores-próprios" enumerados pela tradição, o amor-próprio natural de Adão, anterior à Queda, que para Tomás de Aquino é indiferente, é identificado por Jansenius como pervertido em concupiscência. Em sua Apologia, Pascal segue a linha jansenista de um modo tão radical que os teólogos de Port-Royal julgaram preciso mitigar seus sentimentos a ponto de contradizê-lo, como fez Nicole, que descreveu o amor-próprio como um substituto hipocrítico do comportamento virtuoso.

A lexicological approach of self-love in Pascal’s writings: letter (1651) about his father’s death, frag. La 978 and nine occurrences in the Pensées. From the different "self-loves" enumerated by the tradition, Adam’s natural self-love, before the Fall, which is indifferent for Thomas Aquinas, is identified by Jansenius as perverted into concupiscentia. In his Apology, Pascal follows the Jansenist line, in such a radical way that the Port-Royal theologians found necessary to mitigate his feelings, up to contradict him, like Nicole did, who described self-love as a hypocritical substitute to virtuous behaviour.

O artigo examina o estatuto da moral ao longo da obra de Descartes, da «moral por provisão» do Discurso à «moral como sabedoria» da carta-prefácio à edição francesa dos Princípios. A constituição da metafísica neste ínterim, com a separação entre a verdade e o bem, permite a Descartes tomar a «moral como sabedoria» como perfeita e definitiva não obstante a dúvida epistemológica que esta moral traz em seu âmago.

The article examines the place and nature of morals in Descartes's works, from the « provisional morals » of the Discourse to the conception of morals as wisdom in the letter-preface to the French edition of the Principles. Descartes's elaboration of his metaphysics, with the separation of the truth from the good, allows him to assume his later view of morals as wisdom as definitive and perfect despite the epistemic doubt intrinsic to this morals.