Foi estudada uma amostra de 840 crianças de 5 a 16 anos em 10 pequenas cidades do Estado da Bahia. O objetivo foi, analisar, através de um estudo de prevalência, as características evolutivas da morbidade esquistossomótica em crianças, bem como o papel da intensidade da infecção pelo S. mansoni neste processo. As crianças foram agregadas em 3 grupos de idade (5-8, 9-12 e 13-16 anos) e foram classificadas com relação ao número de ovos excretados em: não infectados, infecção leve, infecção moderada e infecção grave. No grupo de 5 a 8 anos o aumento do número de ovos não se associou a uma maior prevalência de hepatomegalia ou esplenomegalia. No grupo de 9 a 12 anos observou-se uma associação com a prevalência de hepatomegalia mas não com a prevalência de esplenomegalia. No grupo de 13 a 16 anos a associação foi observada com as prevalências de hepatomegalia e esplenomegalia. Ficou evidente nesta população que, a morbidade esquistossomótica é um processo gradual, que se inicia em uma etapa precoce da vida e tem como primeiro sinal a hepatomegalia, seguida pela esplenomegalia, após alguns anos. A intensidade da infecção tem um papel fundamental neste processo, porém é necessário um período de latência de alguns anos para ocorrer o desenvolvimento de esplenomegalia clínica no grupo com infecção moderada ou grave. Os Autores propõem o uso da prevalência de esplenomegalia no grupo de 13 a 16 anos de idade como um bom indicador do nível de morbidade esquistossomótica na comunidade, útil para avaliar o impacto de programas de controle sobre a morbidade.
The present investigation was carried out on a sample of 840 children (5 to 16 years old) from ten small towns of the State of Bahia in northeastern Brazil. The objetive was to study, by using a cross sectional methodology, the evolution of schistosomiasis morbidity (hepatic and splenic enlargement) in children, and the role of the intensity of S. mansoni infection in this process. The children were analised in three age groups (5 to 8, to 12 and 13 to 16 years old) and classified as uninfected, mildly infected, moderately infected and heavily infected according to the number of eggs in the stool. In children aged 5 to 8 years, increasing egg counts were not associated with increasing frequencies of hepatic or splenic enlargement. In the 9 to 12 years old group and association was observed with the prevalence of hepatic enlargement, but not with the prevalence of spleen enlargement. In the oldest group, 13 to 16 years old, an association was observed with the prevalence of enlargement of both organs. It was evident that in this population schistosomiasis morbidity develops in the early period of life as a gradual process starting with liver enlargement and followed by spleen enlargement some years later. It was found that the intensity of infection has a fundamental role in this process, although there is a latent period of some years before clinical splenomegaly appears in moderate-heavily infected children. The Authors suggest that the prevalence of splenomegaly in the 13 to 16 years old group is a good measure of the community level of schistosomiasis morbidity and could be used to measure the impact of control programs.