A relevância do conceito de liberdade como não dominação da teoria republicana de Philip Pettit para a teoria feminista já foi reconhecida por teóricas como Anne Phillips e Iris M. Young. No entanto, se a liberdade como não dominação, tal como formulada por Pettit, é útil para identificar e legitimar ações estatais destinadas a combater situações claras de subordinação e dependência das mulheres em relação aos homens, ela não parece ser um referencial suficiente para ações estatais voltadas ao combate às desigualdades entre homens e mulheres que se apresentam de forma mais difusa, como desigualdades de oportunidades, salariais e de direitos decorrentes da autonomia individual. Buscando abarcar estas situações e reconhecendo o potencial normativo da liberdade como não dominação, o propósito deste trabalho é ampliar tal conceito, de forma a constituí-lo como um referencial a legitimar a atuação do Estado no combate a tais desigualdades.
The relevance of the concept of liberty as non-domination presented by Philip Pettit in his republican theory has already been admitted by feminist theorists like Anne Phillips and Iris M. Young. However, if liberty as non-domination, such as formulated by Pettit, is useful to identify and legitimize State´s actions whose aim is to struggle the subordination and dependence of women in relation with men, that concept does not seem a very comprehensive theoretical reference to struggle diffused forms of inequality, like gap of wage, and inequality of individual rights and of autonomy. In order to comprehend such situations, the purpose of this article is to enlarge the concept of liberty as non-domination, to present it as a referential capable to legitimize the State actions which are intended to avoid such inequalities.
L’importance du concept de liberté en tant que non-domination de la théorie républicaine de Philip Pettit vers la théorie féministe a déjà été reconnue par des théoriciennes telles Anne Phillips et Iris M. Young. Néanmoins, si la liberté considérée en tant que non-domination, telle que formulée par Pettit, est utile pour identifier et légitimer les actions étatiques destinées à combattre des situations claires de subordination et de dépendance des femmes par rapport aux hommes, elle ne semble pas être une référence suffisante pour les actions étatiques mises en place pour combattre les inégalités entre hommes et femmes. Celles-ci se présentent de façon diffuse comme, par exemple, les inégalités d’opportunités salariales et de droits issus de l’autonomie individuelle. Dans le but d’incorporer ces situations, tout en reconnaissant le potentiel référentiel normatif de la liberté en tant que non domination, le but de ce travail est d’élargir ce concept de façon à le transformer en un référentiel capable de légitimer les actions de l’État destinées au combat de ces inégalités.